O aumento dos preços internacionais do petróleo, combinado ao aumento das vendas e a reversão de uma baixa contábil feita no ano passado por efeitos da companhia, fez com que a Petrobras tivesse um resultado acima do esperado no terceiro trimestre do ano. Com o desempenho, a estatal antecipou em mais de um ano sua meta de redução de endividamento.
A estatal de petróleo obteve lucro líquido de R$ 31,1 bilhões no período entre julho e setembro do ano, revertendo o prejuízo de R$ 1,5 bilhão apurado um ano antes, quando suas receitas tinham sido muito afetadas pelos efeitos da pandemia de covid-19, em meio à queda brusca de demanda e baixa acentuada dos preços do petróleo no mercado internacional.
O resultado representou queda de 27,3% na comparação com o segundo trimestre do ano, devido à variação cambial sobre a dívida, mas foi afetado positivamente pela reversão da baixa contábil por impairment (reavaliação do valor dos ativos) da curva do petróleo tipo Brent de curto prazo, no valor de R$ 16,3 bilhões.
Além disso, a companhia apurou ganho com recebimento do acordo de coparticipação referente ao excedente da cessão onerosa do campo de Búzios, da ordem de R$ 3,5 bilhões, e com a não incidência do imposto de renda e da CSLL sobre a atualização pela Selic de indébitos tributários, no total de R$ 4,7 bilhões.
O lucro líquido recorrente atribuível aos acionistas, que desconsidera efeitos não recorrentes como a reversão do impairment e o ganho com a cessão onerosa, somou R$ 17,3 bilhões, crescimento de 448,2% na comparação anual.
A receita de vendas da estatal somou R$ 121,6 bilhões no trimestre, alta de 71,9% em relação à receita de R$ 70,7 bilhões realizada entre julho e setembro de 2020.
O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado somou R$ 60,7 bilhões no período, aumento de 81,7% na comparação anual. Já o Ebitda ajustado recorrente somou R$ 63,8 bilhões, alta de 71,4%.
O fluxo de caixa operacional da companhia somou R$ 55,1 bilhões no período, alta de 19,5%, enquanto o fluxo de caixa livre subiu 17,7%, para R$ 47,2 bilhões.
A variação extrema do preço do Brent explica grande parte dos números. O barril da commodity ficou, em média, em US$ 43 no terceiro trimestre de 2020. Neste ano, por sua vez, teve a média de US$ 73,47 o barril. O dólar médio de venda caiu 2,8%, para R$ 5,23.
Receitas em alta
Entre os derivados, a maior parte da receita da companhia foi com o diesel, de R$ 35,7 bilhões, aumento de 82,3%. A receita de gasolina quase sobrou, com alta de 92,8%, para R$ 17,7 bilhões. No total, as receitas de derivados subiram 81,9%, para R$ 75,3 bilhões.
Já a receita de gás natural subiu 122%, para R$ 8,9 bilhões. Com energia elétrica, o faturamento da companhia somou R$ 5,4 bilhões, aumento expressivo de 975,8%.
As vendas no mercado interno somaram R$ 91,3 bilhões, alta de 90,9%, enquanto as vendas no mercado externo tiveram aumento de 32,2%, para R$ 30,2 bilhões.
O resultado financeiro líquido da Petrobras foi negativo em R$ 25,5 bilhões, acima do resultado negativo de R$ 22,9 bilhões obtido no mesmo período de 2020.
A companhia realizou investimentos de US$ 1,8 bilhão no trimestre, alta de 13,7% na comparação anual, sendo que mais de 53% dos montantes aportados correspondem a investimentos de crescimento.
Endividamento
A dívida líquida da Petrobras estava em US$ 48,1 bilhões ao fim do terceiro trimestre deste ano, montante 27,3% menor que a dívida líquida de US$ 66,2 bilhões registrada ao fim de setembro de 2020. A relação entre dívida líquida e Ebitda caiu de 2,33 vezes para 1,17 vezes.
A dívida bruta caiu de US$ 79,6 bilhões em setembro de 2020 para US$ 59,6 bilhões. Com isso, a estatal atingiu sua meta de endividamento inferior a US$ 60 bilhões estabelecida para 2022, com três meses de antecedência, em função, principalmente, do pré-pagamento de dívidas.
*Atualizado às 8h07, de 29/10/2021