De olho na abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores, a Delta Energia está investindo na empresa digital Luz, lançada nesta semana como uma “fornecedora digital de energia”. No primeiro momento, os clientes serão atendidos por meio do compartilhamento de geração distribuída, dentro da área de concessão da CPFL Paulista, no interior de São Paulo.
“Estamos nos preparando para atender o consumidor residencial na abertura do mercado livre”, disse Flavio Catani, um dos sócios fundadores da nova empresa. A companhia já conta com uma comercializadora varejista habilitada na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que vai atender inicialmente os consumidores de alta tensão que desejem migrar para o mercado livre.
A meta inicial é atender até 2 mil clientes ainda em 2022. Para o próximo ano, os planos são mais ousados, e envolvem uma expansão para nove estados do país, chegando a 100 mil clientes atendidos. Em 2024, a Luz pretende chegar a todo o Brasil. Os detalhes da estratégia de crescimento ainda estão sob sigilo, mas devem ser informados ao mercado em breve, segundo Catani.
Toda a energia entregue aos clientes será gerada pela fonte solar fotovoltaica. Para atender o expressivo crescimento projetado, a Luz vai contar com ativos próprios, que vão representar de 20% a 25% do total fornecido, e o restante será resultado de arrendamento de grandes grupos.
“Temos a capacidade de ampliar isso rápido, com acordos com grandes empresas que têm muitos megawatts disponíveis. Vai depender da nossa velocidade de contratação”, explicou Catani.
Marketing e tecnologia
O trabalho no projeto vem sendo concentrado na parte de tecnologia, com o desenvolvimento de um sistema que vai permitir a contratação simples do serviço pelos consumidores, e no marketing, fundamental para que os consumidores tenham entendimento do mercado.
Enquanto a Delta entrou como sócia investidora da empresa, o negócio é totalmente separado das suas atividades, liderado por cinco sócios fundadores: Catani, que veio da área de telecomunicações, com experiencias na Tim e na Apple; Samantha Albuquerque, de marketing, vinda da Dafiti e da Johnson & Johnson; Mauro Lourenço, especialista no setor elétrico na Delta Energia há 14 anos; Alfredo Silva, da área de tecnologia e diretor desse setor na Delta desde fevereiro de 2020; e Ursula Vieira, com perfil mais financeiro, executiva da Delta nos últimos sete anos e com uma experiência de nove anos no BTG Pactual.
Os cinco executivos participaram de um evento de lançamento da nova empresa nesta quarta-feira, 5 de outubro. Ao todo, a Luz já conta com cerca de 30 funcionários, número que deve avançar junto com os planos de expansão acelerada dos negócios.
A tecnologia é fundamental nessa estratégia. Segundo os executivos, os clientes podem fazer a contratação por meio de “três cliques”, e já vão receber sem custo os medidores inteligentes desenvolvidos para o negócio.
Além de um desconto de até 20% no caso de residenciais, e de até 30% para consumidores livres, a partir de janeiro, os clientes terão acesso a um aplicativo com monitoramento em tempo real de seu consumo de energia. Segundo Samantha Albuquerque, a usabilidade foi importante durante o período de teste da empresa com cerca de 50 consumidores.
“Acabou a caixa preta, a Luz é transparente de verdade”, diz um dos vídeos de divulgação da empresa, focados na experiência e na liberdade dos consumidores.
Outro diferencial, além da tecnologia, é que o desconto será garantido em cima do consumo dos clientes, sem uma faixa pré-estabelecida, como acontece em outras empresas da chamada “GD por assinatura”. Não há fidelização, e o consumidor pode cancelar o contrato em qualquer momento. Eventuais atrasos nos trâmites com as distribuidoras para que os créditos de geração sejam alocados aos consumidores também serão assumidos pela Luz.
Mesmo que essas garantias aos consumidores comprometam a margem do negócio, a estratégia visa o crescimento e fortalecimento da marca, ancorada nas expectativas de uma rentabilidade muito maior no momento em que houver a abertura do mercado livre para baixa tensão. “Olhamos no longo prazo, para transformar a Luz numa empresa líder do mercado, que vai trazer inovação e pioneirismo”, disse Catani.