
Definidas as regras das prorrogações dos contratos de concessão de distribuição que vencem nos próximos anos, a CPFL Energia espera ter previsibilidade para o planejamento dos seus negócios, considerando os ativos atuais e eventuais “oportunidades de mercado que venham a ocorrer”, segundo Gustavo Estrella, presidente da companhia.
A CPFL é dona das concessionárias de distribuição CPFL Paulista e CPFL Piratininga, no interior de São Paulo, CPFL Santa Cruz, que atende municípios em São Paulo, Paraná e Minas Gerais, e RGE, no Rio Grande do Sul.
Segundo Estrella, agora que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a minuta do termo de adesão à prorrogação das concessões que vencem nos próximos anos, a expectativa é que os contratos sejam assinados antecipadamente em agosto.
As concessões da RGE e da CPFL Paulista vencem em novembro de 2027, enquanto a da CPFL Piratininga termina em outubro de 2028.
“Nós divulgamos um capex de quase R$ 30 bilhões, dos quais R$ 25 bilhões são na distribuição, e a prerrogativa aqui é ter visão de longo prazo para esse business, porque sabemos que são investimentos que se maturam ao longo de 10, 20, 30 anos”, disse Estrella durante teleconferência sobre os resultados de 2024, realizada nesta quinta-feira, 27 de fevereiro.
O executivo se referiu ao plano de investimentos para o período de 2025 a 2029, divulgado pela empresa em dezembro.
Com a definição das regras e a possibilidade de assinatura antecipada das prorrogações, a CPFL vê um passo importante na retomada da perspectiva de longo prazo, “o que nos ajuda muito na nossa operação, no planejamento para negócios atuais, mas também para potenciais oportunidades de mercado, caso venham a ocorrer”, disse o executivo.
Sem dizer quais as oportunidades em vista, Estrella disse que a CPFL “claramente tem interesse em crescer nos negócios” e que “naturalmente oportunidades serão avaliadas pelo grupo”, desde que as regras sejam estáveis e previsíveis, como se espera a partir de agora.
Lucro em alta na CPFL
A CPFL Energia informou na noite de quarta-feira, 26 de fevereiro, que seu lucro líquido cresceu 18,7% no quarto trimestre do ano passado, a R$ 1,5 bilhão, enquanto sua receita líquida avançou 13,3%, a R$ 11,9 bilhões. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) consolidado do grupo cresceu 5,3%, a R$ 3,2 bilhões.
No ano, o lucro cresceu 4,1%, a R$ 5,7 bilhões, e a receita teve alta de 7,3%, a R$ 42,6 bilhões.
O segmento de distribuição representa a maior parte do faturamento do grupo. O braço de distribuição viu o lucro encolher 9,3% no ano, a R$ 2,99 bilhões, enquanto a receita cresceu 3,6%, a R$ 29,66 bilhões.
As vendas de energia nas áreas de concessão de distribuição da CPFL subiram 4,2% no ano, a 72.897 GWh, sendo que no mercado cativo houve retração ligeira de 0,3%, a 40.599 GWh, e no mercado livre houve alta de 10,4%, a 32.299.
Pressão do curtailment em geração
Em geração, houve expansão de 12,1% no ano, a 16.715 GWh, refletindo, principalmente, a expansão de 30,9% na geração hídrica, mas a geração eólica recuou 10,4%.
O desempenho foi afetado negativamente pelos cortes de geração. Embora o vento tenha sido 5% maior na comparação com 2023, o curtailment foi responsabilizado por uma redução de 15,4% na energia gerada, o que representou impacto de R$ 274 milhões no Ebitda da companhia.
Segundo Estrella, os cortes devem continuar piorando ao longo de 2025, já que a geração intermitente, das fontes eólica e solar fotovoltaica, continua crescendo. Considerando que a matriz será cada vez mais intermitente, o executivo entende que cabe à uma política pública resolver o problema e manter o setor atrativo para investimentos seguros em renováveis.
“Tomamos uma decisão, como país, de crescer nossa matriz com energia renovável”, disse. “De forma estrutural, eu acho que a gente não escapa de uma discussão via política pública para endereçar o tema de curtailment de forma definitiva e que permita a matriz continuar crescendo com a nossa vocação natural de energia limpa e renovável”, completou.