O Conselho Administrativo de Defesa Economica (Cade) aprovou a combinação de negócios da Braskem e da Solví no capital social da empresa Gerenciamento de Resíduos Industriais (GRI). O acordo entre as empresas foi anunciado em junho deste ano.
Conforme comunicado pelas empresas, a transação será dividida em três partes e, após a finalização, a Solví passará a deter 50,1% e a Braskem 49,9% do capital social da GRI.
A primeira fase compreende a venda de até 498.436 ações ordinárias de emissão da Cetrel detidas pela Braskem à GRI. Na segunda, ocorrerá a subscrição, pela Braskem, de novas ações ordinárias a serem emitidas pela GRI, por meio de aumento do capital social, as quais serão integralizadas pela Braskem, por meio do aporte de 771.592 ações ordinárias de emissão da Cetrel detidas pela Braskem.
Na última etapa será feita a transferência, pela Solví, de ativos de gerenciamento de resíduos industriais e serviços da mesma natureza, para a GRI.
Segundo as companhias, o valor da transação resultará em um recebimento pela Braskem de aproximadamente R$ 284 milhões, sendo que R$ 199 milhões serão pagos na data da transferência das ações à GRI e o restante até novembro de 2025, podendo sofrer ajustes usuais deste tipo de operação.
Ao Cade, o grupo Solví disse que a operação representa uma oportunidade de obter acréscimo de tecnologia de fornecimento de água industrial e tratamento de efluentes no portfólio de serviços, o que pode proporcionar um crescimento da companhia em atendimento de clientes privados, por meio de soluções integradas e com oportunidades diversas, bem como permitindo ganhos de sinergias nos âmbitos administrativo e comercial.
O grupo afirmou ainda que aquisição pode melhorar o perfil de cliente público e privado, impactando positivamente a percepção de risco da companhia.
Por sua vez, a Braskem disse que a combinação de negócios é uma oportunidade estratégica para expansão e destravamento de valor da Cetrel, por meio da alienação de parte das suas ações com a transferência do seu controle e gestão para um parceiro estratégico de longo prazo com know-how no setor.
As envolvidas
A GRI é uma empresa pertencente ao grupo Solví, a qual atua nos setores de gerenciamento total de resíduos (Total Waste Management – TWM), atendimento a emergências ambientais e gerenciamento de áreas contaminadas. A Solví atua na prestação de serviços de gestão ambiental, incluindo a coleta, o tratamento e a destinação de resíduos sólidos urbanos, industriais e de serviços de saúde, além de serviços de limpeza urbana (varrição e capinagem) e valorização energética.
Já a Cetrel é uma controlada da Braskem e oferece soluções ambientais em águas e efluentes, incluindo o reuso e soluções off-site e on-site, incineração de resíduos industriais perigosos líquidos e sólidos em Camaçari, na Bahia e consultoria ambiental.
A Cetrel também atende demandas ambientais de diversas complexidades de empresas das indústrias farmacêutica e de cosméticos, química e petroquímica, óleo e gás, alimentos e bebidas, papel e celulose, mineração e siderurgia, automotiva, dentre outras.
Aprovação do Cade em O&G
O Cade também aprovou a aquisição pela Schlumberger Limited (SLB) da totalidade das ações da ChampionX. O valor da operação, anunciada em abril, não foi divulgado, mas, segundo informações do órgão antitruste, acionistas da ChampionX receberão 0,735 ações ordinárias da SLB para cada papel da ChampionX.
A compra depende da aprovação de outras autoridades e, segundo a SLB, pode ser concluída entre o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025, dependendo das aprovações regulatórias e outras condições habituais de fechamento.
A SLB é uma empresa global focada, entre outros serviços, na indústria de óleo e gás (O&G) e no desenvolvimento e expansão de novos sistemas energéticos que acelerem a transição energética.
Já ChampionX é uma fornecedora global de soluções químicas, sistemas de elevação artificial e equipamentos e tecnologias de engenharia que ajudam as empresas a perfurarem e produzirem O&G.
De acordo com a SLB, a compra da ChampionX ocorre em um momento importante na indústria, já que a fase de produção das operações de petróleo e gás coloca um prêmio na capacidade dos provedores de serviços de ajudar os clientes a enfrentar os desafios em todo o seu sistema de produção. Ao mesmo tempo, a empresa vê uma demanda crescente para escalar tecnologias emergentes, como inteligência artificial e operações autônomas.
“Nossos clientes estão buscando maximizar seus ativos enquanto melhoram a eficiência na fase de produção e recuperação de reservatórios de suas operações. Isso representa uma oportunidade significativa para provedores de serviços que podem fazer parcerias com clientes durante todo o ciclo de vida da produção, oferecendo soluções integradas e entregando valor diferenciado”, disse Olivier Le Peuch, CEO da SLB, em abril sobre a compra.
Ao Cade, a SLB disse que a compra vai permitir um melhor atendimento as necessidades dos clientes de Exploração e Produção (E&P), por meio da combinação de sua atuação com tecnologias e soluções em produtos químicos de produção, elevação artificial e tecnologias de detecção e monitoramento de emissões, o que pode aumentar a produtividade de poços existentes e maximizar a recuperação.