
A Vibra Energia, que concluiu a compra da Comerc Energia por R$ 3,52 bilhões em agosto de 2024 com efeitos a partir de janeiro de 2025, avalia que a empresa de energia deve atingir seu break even “nos próximos 12 meses, provavelmente ainda em 2025”, com início de geração de caixa livre em 2026. A informação é do CEO da Vibra, Ernesto Pousada, durante teleconferência de resultados do primeiro trimestre de 2025, realizada nesta quarta-feira, 7 de maio.
O fluxo de caixa operacional da Comerc foi de R$ 195 milhões, que representa crescimento de 83% em relação ao primeiro trimestre de 2024. Entretanto, efeitos como remuneração, pagamentos de juros, remanescências e dívidas anulam, por ora, estes ganhos na composição total da empresa.
Para 2025, a empresa espera atingir um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) de R$ 1,3 bilhão em 2025, sendo que no primeiro trimestre o Ebitda foi de R$ 268 milhões, com avanço de 15% em um ano. Para atingir este objetivo, a Vibra aposta em fatores como o bom desempenho da comercialização, melhorias na eficiência, redução de custos e a “captura de sinergias” com a Comerc – que, na avaliação da controladora, tem evoluído bem, tanto do lado financeiro quanto de eficiência, pessoas e estruturas.
“A gente chama muito de sinergia, mas, muitas vezes, é uma redução de custos, que tem uma oportunidade até maior do que havíamos imaginado inicialmente”, complementou Pousada. Entre as melhorias operacionais, o CEO da Vibra mencionou maior geração nas plantas de GD
Impactos do curtailment
A capacidade instalada da Comerc, somando geração centralizada e distribuída, cresceu 9% em um ano, encerrando o primeiro trimestre de 2025 a 2.149 MWp, dos quais 327 MWp são de GD e o restante em geração centralizada solar e eólica. A empresa busca chegar a 2,2 MWp, com o crescimento adicional vindo de geração distribuída.
A Vibra não revelou o volume de curtailment, mas disse que seus efeitos foram parcialmente compensados por redução de custos e despesas de outras áreas da Comerc. “Com o impacto que nós estamos tendo na geração centralizada do curtailment, todos os outros negócios estão fazendo seu esforço adicional em conjunto com redução de custos, para que a gente possa estar mantendo esse guidance de R$ 1,3 bilhão [de Ebitda]”, disse Pousada.
Recuperação do market share
A Vibra vem percebendo uma redução gradual em seu market share na área de combustíveis, que a diretoria da companhia atribui a um esforço de melhorar as margens. Agora, a Vibra espera recuperar o que chama de “fatia justa” do mercado – o que, em algumas regiões e mercados, não significa, necessariamente, ser líder.
O otimismo se explica, em parte, pelo ambiente regulatório, como mudanças no RenovaBio, com endurecimento da regulação, e a monofasia do etanol, que passou a cobrar a tributação do combustível apenas na usina, em vez de cobrar parte na usina e parte na distribuidora. “Já estamos sentindo isso no resultado de maio”, disse Ernesto Pousada. Outros fatores para a recuperação do market share são a inibição de fraudes na concorrência e aumento no engajamento com a rede de revendedores.
Mesmo assim, a Vibra avalia que a recuperação de market share será gradual, sem saltos. “Assim como perdemos gradualmente, vamos reformar gradualmente. Mas isso não virá às custas de margem”, projeta o CEO da Vibra.
Resultados
No primeiro trimestre de 2025, a Vibra registrou lucro líquido de R$ 601 milhões, com retração de 23,8% na comparação com o mesmo período de 2024.
O Ebitda ajustado foi de R$ 2 bilhões, com avanço de 43,6% em um ano. Para a companhia, é o resultado de uma estratégia de otimização operacional, que deve continuar em execução.
Na distribuição, o volume de vendas atingiu 8,4 milhões de m³, com variação negativa de 2,2% em um ano.
Na Comerc, a geração centralizada atingiu produção de 675 GWh, com avanço de 1,6% em um ano. A produção gerou receita líquida de R$ 162 milhões, avanço de 27,5% em relação ao mesmo período de 2024. O primeiro trimestre marcou a entrada em operação da UFV Várzea, na geração centralizada. Ao longo do ano, a Vibra espera redução nos custos das plantas de GC com otimização das tarefas de Operação e Manutenção (O&M) das plantas e automatização de processos.
Já a geração distribuída produziu 109 GWh no trimestre, com avanço de 31% na base anual, e receita líquida de R$ 68 milhões, que representa crescimento de 28,8% em um ano.
A divisão de comercialização movimentou 3,5 GW médios, com avanço de 30,6% em um ano. Assim, atingiu receita líquida de R$ 925 milhões, montante 18,1% maior do que no primeiro trimestre de 2024. O valor da carteira dos contratos futuros de energia (VPL do book da Trading) atingiu R$ 510 milhões.
O valor é menor dos R$ 667 milhões registrados no primeiro trimestre de 2024, mas a diretoria da Vibra avalia que o desempenho foi positivo. “Estamos satisfeitos com o resultado do primeiro trimestre Comerc, mesmo com a situação um pouco mais adversa, quando você considera o curtailment e outras questões, que estão sendo compensadas através das ações de maior eficiência dentro da própria Comerc e o trabalho contínuo da empresa”, avaliou o CEO da Vibra.
A divisão de soluções de energia terminou o período com receita líquida de R$ 48 milhões, mesmo valor do primeiro trimestre de 2024.