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Comerc ‘sai da página de promessa’ para entregar 1,85 GW em operação até 2024

A Comerc Energia espera iniciar nas próximas semanas a operação do complexo solar Hélio Valgas, que terá 662 MW de potência, e representa uma grande parcela de seu plano de expansão para chegar a 1,85 GW em operação em 2024. "Esse período tem sido bastante intenso, saímos da página da promessa e estamos na página final da entrega", disse André Dorf, CEO da Comerc, durante o evento Comerc Day, realizado nesta terça-feira com investidores e analistas do mercado para falar sobre as perspectivas do grupo.

Comerc ‘sai da página de promessa’ para entregar 1,85 GW em operação até 2024

A Comerc Energia espera iniciar nas próximas semanas a operação do complexo solar Hélio Valgas, que terá 662 MW de potência, e representa uma grande parcela de seu plano de expansão para chegar a 1,85 GW em operação em 2024.

“Esse período tem sido bastante intenso, saímos da página da promessa e estamos na página final da entrega”, disse André Dorf, CEO da Comerc, durante o evento Comerc Day, realizado nesta terça-feira com investidores e analistas do mercado para falar sobre as perspectivas do grupo.

Estratégia definida

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A virada de página da Comerc começou em 2021, quando a empresa, que nasceu como comercializadora e gestora no mercado livre de energia, incorporou ativos de geração centralizada da Perfin, que se tornou uma grande acionista.

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Na sequência, a companhia começou um processo de oferta pública de ações (IPO) na bolsa, mas que foi preterido por uma oferta da gigante Vibra para adquirir 50% da empresa, com a possibilidade de levar a totalidade da Comerc a partir de 2026, a depender do cumprimento de algumas condições estabelecidas.

Agora, a companhia se aproxima da conclusão do plano de crescimento elaborado na época do negócio da Vibra, que envolve R$ 6,2 bilhões em investimentos. Desse total, R$ 4,6 bilhões já foram investidos, e R$ 1,6 bilhão restante já foi captado para execução futura.

Segundo Fernando Souza Oliveira, vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores da companhia, a Comerc tomou a decisão estratégica de tomar 60% da sua dívida de longo prazo e os outros 40% no curto prazo, com planos de rolar e alongar o prazo em 2024 ou 2025, quando as expectativas apontam para taxas de juros mais moderadas que as atuais.

Crescimento acelerado

Além do complexo solar Hélio Valgas, que começará a entrar em operação gradualmente nas próximas semanas, a Comerc também prevê concluir as obras da eólica Rio do Vento (53 MW) até setembro, e da usina solar Paracatu, de 267 MWp, nos três meses finais de 2023. A expansão contratada continuará até 2024, quando deve ficar pronta a usina solar Várzea, de 118 MWp.

Atualmente, sem contar Hélio Valgas, a Comerc tem 518 MWp em capacidade operacional da fonte solar fotovoltaica e mais 227 MW de eólicas em geração comercial.

O plano de crescimento pensado em 2021 também envolvia geração distribuída. Atualmente, a companhia tem 181 MW em projetos enquadrados nesta categoria, por meio de 47 empreendimentos de geração.

Daqui um ano, em julho de 2024, a expectativa é de que estejam em operação 319 MWp em projetos de geração solar distribuída, por meio de 103 plantas. Isso vai concluir o segundo ciclo de crescimento que, somado ao primeiro, vai totalizar R$ 2,2 bilhões em investimentos, sendo R$ 1,6 bilhão já realizado.

Um terceiro ciclo de crescimento em geração distribuída teve aval do conselho da companhia recentemente, chegando a 450 MWp até o fim de 2025.

“E ainda temos um pipeline adicional de 223 MWp, para o qual ainda não temos projetos aprovados, mas debatemos eles dentro de casa”, disse Matheus Nogueira, vice-presidente de Geração Distribuída da empresa.

O crescimento em geração distribuída envolveu uma curva de aprendizado, primeiro com clientes de maior porte, e depois “realmente no varejo, onde precisamos de mais clientes”, disse Nogueira.

A Comerc chegou a arrendar plantas de GD para terceiros, enquanto entendia os modelos de negócio para o segmento, e agora está no caminho contrário, retornando essas plantas para dentro da empresa. “Achamos um modelo confortável que nos permitiu até mesmo arrendar plantas de terceiros, em função de termos essa maneira de captar os créditos de GD de forma bastante atrativa para nossos negócios”, explicou Nogueira.

Essa estratégia envolveu uma plataforma de captação e gestão de créditos de GD no pós-venda – o modelo conhecido no mercado como GD por assinatura.

Entre os canais de venda, se destacam a rede de postos da Vibra e a iGreen, empresa que recebeu investimento da Comerc e que tem revendedores autônomos espalhados em diversos municípios, chegando à cobertura de 100% do estado de Minas Gerais, onde estão a maioria das plantas de GD da empresa.

Varejo de energia

Essa expertise com o “varejo” da GD deve ser aproveitada pela companhia nos seus planos para o varejo do mercado livre, com a abertura para todos os consumidores de alta tensão a partir de janeiro de 2024.

“A abertura do mercado teve início no começo de 2023 para a Comerc. Nos preparamos em tecnologia, processos, estrutura organizacional, então nossa ideia não é adaptar o que fazemos no atacado para o varejo. Teremos um comportamento diferente”, disse Dorf.

Segundo Antonio Carlos Messora, vice-presidente Comercial e de Marketing da companhia, a área de prospecção voltada ao cliente de varejo olha precificação, produto, e vai dar as informações necessárias para que os canais de venda possam trabalhar de forma organizada.

Ainda há alguns gargalos regulatórios, como o tratamento dos procedimentos de medição desses clientes, por exemplo. “Não faz sentido exigir adequação de medição robusta para clientes pequenos”, disse Dorf.

Sem novo ciclo

De acordo com o CEO do grupo, o foco da Comerc continua na entrega desse plano de negócios, e não considera novos projetos grandes de geração, pelo menos por enquanto.

“Essa discussão é inexistente no nível de conselho, e nem a diretoria trabalha com novos ciclos de geração centralizada. Estamos muito focados no primeiro ciclo , não temos que falar em novos crescimentos, e as condições de mercado não são favoráveis”, disse Dorf, se referindo aos preços baixos e às sobras estruturais de energia que dificultam a assinatura de novos PPAs de longo prazo.

Ainda que esses ciclos novos de crescimento fiquem limitados pela conjuntura, a Comerc enxerga com bons olhos o cenário de preços, uma vez que favorece a migração dos consumidores varejistas, explicou o CEO.

*O grupo Comerc Energia deixou de ser o controlador da MegaWhat em fevereiro de 2023 

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