A estatal paranaense Copel está se preparando para participar dos próximos leilões de geração e transmissão, a fim de investir em projetos que atendam suas exigências de rentabilidade. Em dezembro, é grande a aposta da companhia no leilão de capacidade de reserva, voltado para termelétricas. A companhia vai participar com a termelétrica Araucária, de 484,1 MW de potência.
Segundo Daniel Slaviero, presidente da companhia, a Petrobras é a principal interlocutora em termos de fornecimento de gás para a termelétrica.
“Mas estamos buscando também outras opções de suprimento. O mercado de gás tem suas particularidades, não é tão simples ter isso de maneira firme e com garantia, mas como o leilão tem início de entrega em julho de 2026, temos mais espaço”, disse o executivo, em teleconferência sobre os resultados do terceiro trimestre.
Como a termelétrica é operacional, a Copel acredita que será competitiva na disputa. A usina atualmente está despachada com um dos custos variáveis unitários (CVU) mais altos do país, em torno de R$ 2.500/MWh.
Caso sejam necessários investimentos na sua modernização, a usina está suficientemente capitalizada para isso, já que está despachada de forma quase contínua desde o último trimestre do ano passado, disse o diretor da Copel Geração e Transmissão, Moacir Bertol.
A companhia segue atenta às demais oportunidades de crescimento. Slaviero destacou a política de investimento da companhia, que tem alguns pré-requisitos, como que os ativos de eólica tenham no mínimo 150 MW, potência mínima de 100 MW para solar, e RAP mínima de R$ 100 milhões para transmissão, além das sinergias regionais com os ativos da Copel.
Esses parâmetros servem para ativos operacionais, mas a companhia também considera entrar em leilões com ativos greenfields, como os próximos certames de transmissão e também os leilões de geração de 2022.
“Importante ressaltar que as condições macroeconômicas mudaram, houve uma abertura maior dos juros, inflação mais alta, e pressão grande de capex para construção. Taxas de retorno que normalmente eram aceitas devem ser maiores nessa nova conjuntura”, afirmou Slaviero.
A política de investimentos não restringe ativos listados ou de capital fechado, mas sim determina que sejam ativos “médios altos”, para que a estrutura da Copel possa ser competitiva.
“Vemos um grande volume de projetos protocolados com prazo para serem instalados, é uma grande janela de oportunidade, porque nem todos os empreendedores ou desenvolvedores terão condições de implementar. O mercado secundário terá várias oportunidades”, disse o presidente da estatal do Paraná.
Outro requisito importante é que os ativos precisam estar alinhados com a visão de sustentabilidade da Copel e com seu plano de ser neutra em emissões de carbono até 2030. Apesar de ter a termelétrica Araucária e reconhecer a importância dela no seu portfólio, assim como do gás natural na matriz elétrica, a companhia não tem intenção de investir em novos ativos do tipo.
O objetivo da Copel é que nos próximos três a cinco anos algo perto de 25% do seu portfólio seja das fontes solar e eólica. “Posso dizer que nossa prioridade hoje, além dos leilões, é achar bons projetos e boas oportunidades na fonte solar, pela questão da rapidez de construção e pelo seu perfil de geração”, disse.