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Cortes no capex e antecipação das obras devem permitir taxas de retorno atrativas em leilão de transmissão

Cortes no capex e antecipação das obras devem permitir taxas de retorno atrativas em leilão de transmissão

Apesar dos deságios elevados, os empreendimentos de transmissão arrematados pela Energisa e pela Neoenergia no leilão de transmissão de ontem, 17 de dezembro, podem alcançar taxas de retorno expressivas, dependendo da antecipação das obras, cortes nos investimentos previstos, ganhos com sinergias e obtenção de benefícios fiscais.

Em relatório assinado pelos analistas Carolina Carneiro, Rafael Nagano e João Rodrigues, o Credit Suisse aponta que as taxas internas de retorno dos empreendimentos arrematados pelas empresas podem chegar a até 9%.

A Neoenergia arrematou o maior lote do leilão, localizado na Bahia, com uma receita anual permitida (RAP) de R$ 159,7 milhões, deságio de 42,6%. O percentual, apesar de alto, foi o menor desconto do certame de ontem. A Energisa, por sua vez, levou um lote no Amazonas, com RAP de R$ 63 milhões, deságio de 47,4%.

Segundo os analistas do Credit Suisse,como os projetos ficam no Norte e Nordeste, devem se beneficiar de benefícios fiscais e também financiamento do BNB ou do BNDES a custo competitivo. Assumindo uma redução de 15% em relação aos investimentos estimados pela Aneel, a antecipação das obras em 12 meses e uma estrutura de financiamento com 70% do valor alavancado com custo de IPCA mais 4,5%, a taxa interna de retorno pode chegar a 7%. Se o corte no investimento chegar a 20% e as obras forem antecipadas em 24 meses – cenário visto como mais improvável pelo Credit Suisse -, o retorno pode chegar a 9%. 

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No caso da Neoenergia, como a maior parte do lote está na Bahia, os analistas acreditam que a companhia poderá ainda se beneficiar de sinergias com outras operações do grupo na região, que incluem projetos de geração renovável e distribuição de energia.

Para a Genial, as reduções de capex em relação às estimativas do edital podem ser ainda mais acentuadas. “Depois de muitas discussões com agentes do setor, e de participarmos de muitas audiências, esperamos que as economias sejam entre 30% a 40%”, diz o relatório da plataforma de investimentos, assinado pelo analista Vitor Sousa.

Com premissas mais agressivas que as do Credit Suisse, a Genial chega em taxas de retorno mais elevadas para os empreendimentos licitados ontem. A casa considera que o capex seja de 30% a 50% menor que o estimado pelo edital, financiamento de 70% do valor com custo de CDI mais 200 pontos-base, benefícios fiscal da Sudam e da Sudene, reduzindo impostos devidos de 34% a 15%, e antecipação das obras em um ano. 

Nesse cenário, a taxa de retorno do lote da Energisa varia de 9,8% a 17,8% (dependendo da redução de capex), enquanto o da Energisa varia de 7,5% a 13,9%. Também foi avaliado o retorno do lote arrematado pela Cteep em São Paulo, cuja taxa de retorno pode variar de 5,6% a 11,4%.

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