Como já era aguardado pelo mercado, o leilão de transmissão de energia elétrica realizado nesta quinta-feira, 17 de dezembro, contou com o apetite dos investidores e forte concorrência na licitação dos 11 lotes colocados em disputa. Os empreendimentos somam um investimento de R$ 7,3 bilhões em 1.959 quilômetros de linhas de transmissão e 12 subestações com capacidade de transformação de 6.420 MVA.
Do total de investimentos, 33% serão realizados pelo consórcio Saint Nicholas, da então desconhecida MEZ, que levou cinco dos 11 colocados à venda, que correspondem a instalações nos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Kelly Santos, gerente jurídica da MEZ Energia, declarou que a empresa participou do leilão com uma estratégia agressiva e pretendia levar sete dos lotes colocados em concorrência. Ela também reforçou que a empresa, apesar de nova, tem expertise em transmissão, tendo quatro projetos em execução, dos quais, três adquiridos por M&A e um do leilão de 2019, que estão em fase de implantação, localizados nos estados da Bahia, Goiás e Rio Grande do Sul.
Santos completou que a MEZ Energia tem uma estratégia ampla para financiamento dos empreendimentos, que vai desde o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) até aportes próprios e emissão de debêntures incentivadas.
A MEZ Energia, da família dona da construtora Eztec, deve continuar a crescer no setor de energia, explicou a executiva do grupo.
“Nosso plano de longo prazo é seguir no setor de transmissão e ampliando as vertentes também para comercialização e geração de energias renováveis. O longo prazo, no mínimo, estamos falando de uma vida saudável de 30 anos, porque temos compromissos assumidos com a Aneel e o que a gente pretende é mais do que ampliar o segmento de atuação e manter a mesma eficiência”, disse a gerente jurídica.
Sobre o certame
Segundo André Pepitone, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o certame foi “extremamente exitoso” e mostrou a oportunidade para a iniciativa privada em investir no setor elétrico brasileiro.
“O resultado mostra o grande interesse da iniciativa privada em investir no setor elétrico brasileiro, e o setor se consolida na rota dos investimentos nacionais e internacionais. Até o final de 2022 temos a agenda de leilões de transmissão e geração que vão responder por R$ 88 bilhões de investimentos no país”, disse o diretor em coletiva para a imprensa após o leilão.
Na média, foram dez ofertantes para cada lote do certame que contou com 51 participantes inscritos e um deságio de 55,24%. A grande parte dos investidores era brasileiro, 37 das empresas, e o restante foi dividido, principalmente, entre empresas de origem espanhola, chinesas e colombianas.
Para Erik Rego, diretor de Estudos de Energia da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), além do ágio, o sucesso do leilão pode ser dado pelos valores aportados por potência, ou pelo tamanho da linha. No caso da potência, o valor é o menor número junto com o leilão do ano passado, nos últimos cinco anos. E ficou em R$ 18 mil/MVA.
Já na métrica de valor pela extensão da linha, mesmo tendo lotes subterrâneos que encarecem mais o montante total, o valor ficou em R$174 mil/Km.