A EDF Renewables Brasil deve terminar o ano de 2024 com 1,8 GW em operação comercial, sendo 1,4 GW em geração eólica onshore. Para este ano, a companhia tem como marco o início da operação comercial da primeira fase do complexo Serra do Seridó na Paraíba, com cerca de 100 MW de capacidade instalada, previsto para julho.
Com a primeira fase concluída, a empresa deve iniciar na sequência a construção civil e montagem das máquinas da segunda fase de Serra do Seridó, com mais 400 MW, e previsão de geração até março de 2024. Além desses dois projetos, a empresa também está desenvolvendo na Bahia o parque Serra das Almas, com 261 MW, e previsão de entrada em operação até o final de 2024.
“Até o final de 2024, nós estaremos com pouco mais de 1,8 GW em operação comercial”, disse o CEO da EDF Renewables Brasil, André Salgado, em entrevista à MegaWhat.
Para solar, fonte que a companhia já tem cerca de 400 MW em capacidade instalada no estado de Minas Gerais, novos projetos estão mapeados para desenvolvimento, mas nenhum para ser viabilizado neste ano.
“Têm aparecido algumas ofertas de novos projetos, mas os solares seriam mais de médio prazo, de dois a três anos para viabilização. O que a gente está trabalhando é para viabilizar ainda neste ano os projetos eólicos”, contou Salgado.
Recentemente, o CEO da EDF Renewables se juntou a outros executivos de geradoras renováveis em uma reunião com o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, para tratar do setor eólico no estado. A reunião abordou questões de infraestrutura, como estradas e rodovias, e licenciamentos e permissões.
“O que me impressionou bastante foi a receptividade do governador Jerônimo Rodrigues para montar um grupo de trabalho de imediato para azeitar os processos e permitir a continuidade dos investimentos. O estado tem tanto os aerogeradores como parte da cadeia produtiva, e vê de forma muito integrada o setor eólico, demonstrando interesse em ser ´o´ polo da transição energética – como eles disseram”, detalhou o executivo da EDF.
Falando em fornecedores, tanto para o projeto na Bahia, para o qual a empresa celebrou contrato com a Vestas, quanto na Paraíba, que tem contrato com a GE, Salgado disse que os projetos estão sendo entregues conforme o previsto.
Durante a visita à Bahia, a EDF Renewables Brasil e os demais geradores assinaram uma carta, que foi entregue ao governo do estado, pleiteando a extensão dos prazos de outorga dos projetos dado o descompasso na conexão ao sistema de transmissão.
“Estamos vendo uma série de gargalos de conexão de projetos que podem atrasar a viabilização daqueles com outorga, ou que estão para receber. A gente entende que seria necessária uma extensão dos prazos para essas outorgas e vem defendendo isso, uma mudança regulatória”, disse André Salgado.
Com uma expertise em projetos fora do país (1 GW em operação e 10 GW em construção) a empresa quer ser protagonista na exploração da eólica offshore brasileira e já se movimenta com estudos em duas regiões: no Nordeste, com um recente memorando de entendimentos assinado com o governo do Rio Grande do Norte, e outro na região Sudeste, que ainda não teve os detalhes divulgados.
“Hoje, nosso trabalho é para tentar contribuir para que o país tenha uma regulação que viabilize os projetos do ponto de vista regulatório e econômico e que nos permita evoluir com a construção dos parques eólicos offshore. Temos dois projetos em desenvolvimento, um no Nordeste e outro no Sudeste, então estamos vislumbrando as oportunidades nessas duas regiões para que a gente possa construí-los no futuro”, contou o executivo.
O memorando assinado com o governo do Rio Grande do Norte e com a Internacional Energias Renováveis (IER) foi assinado nesta segunda-feira, 29 de maio, e contempla o desenvolvimento, construção, operação e manutenção de um complexo eólico em alto mar com capacidade de até 2GW e previsão de início das atividades em 2030. O acordo também contempla o desenvolvimento de um projeto de hidrogênio verde.
Na entrevista à MegaWhat, André Salgado contou que vê a eólica offshore e o hidrogênio verde de formas independentes, apesar das opções e oportunidades conjuntas. “Com a energia renovável produzida onshore também é possível produzir hidrogênio. Do ponto de vista do desenvolvimento, a gente está tratando independentemente, apesar que lá na frente eles podem se juntar e eu posso ter energia do offshore entregando para uma planta de hidrogênio”.
Além disso, Salgado entende que o desenvolvimento do hidrogênio e da eólica offshore são de médio e longo prazo, uma vez que a indústria ainda precisaria de amadurecimento e competitividade. A aposta é que a grande corrida do hidrogênio ocorra de forma mais rápida nos Estados Unidos, por conta do Inflation Reduction Act (IRA), que tem como um dos principais pilares incentivos na aceleração da transição energética da ordem de US$ 400 bilhões, ao longo de dez anos.