A EDP Brasil pretende iniciar a produção de hidrogênio verde no Ceará ainda em 2022, em uma planta que ficará no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, onde a companhia tem uma termelétrica a carvão de 720 MW de potência. Para que o hidrogênio seja verde, está sendo construído também um parque solar fotovoltaico de 3 MW de potência, que será associado ao eletrolisador instalado no local.
“Não avançamos mais no hidrogênio porque o mercado não está pronto para o próximo passo, mas acreditamos que já estamos prontos para produzir. Compramos os equipamentos para isso e aguardamos que dezembro traga a primeira molécula”, disse Luiz Otavio Henriques, vice-presidente de geração e redes da EDP, durante evento nessa terça-feira com analistas e investidores.
Além do hidrogênio verde, a companhia mantém sua aposta na transição energética em ativos de geração solar fotovoltaica, tanto de grande porte quanto distribuída. Atualmente, a EDP Brasil está construindo o complexo solar Monte Verde, que terá 209 MW médios, e está fechando os contratos de venda de energia (PPAs, na sigla em inglês) do projeto Novo Oriente Solar, de 254 MW médios.
A companhia tem ainda mais dois projetos de grande porte em desenvolvimento, uma vez que a ideia é ter um ou dois por ano de geração centralizada, explicou Carlos Andrade, vice-presidente de clientes.
Em geração distribuída, a EDP Brasil tem 75,2 MWp instalados, e mais 26,4 MW médios em construção, além de um pipeline de 41,7 MW médios a ser desenvolvido. O objetivo da companhia é chegar a 500 MW em projetos do tipo até 2025.
Apesar dos grandes planos para a geração solar, o presidente da EDP Brasil, João Marques da Cruz, admitiu que o cenário de investimento não está fácil atualmente. “O mercado está mais complexo, mais difícil”, disse, lembrando que os insumos, como os painéis fotovoltaicos, estão mais caros. Em seu favor, a EDP Brasil tem a parceria com a EDP Renováveis, que também é subsidiária do grupo português, o que ajuda a ter projetos mais competitivos no mercado.
“Nós somos uma empresa que prefere baixo risco, mesmo que as custas de uma rentabilidade mais baixa. Descontratação é uma palavra que não entra, gostamos de estar contratados”, disse Marques da Cruz.
Para a termelétrica Pecém, os planos da EDP Brasil passam por desconsolidá-la de suas operações, “mas isso não significa fugir”, disse o presidente. “Desconsolidar é diferente, não teremos a maioria do capital, mas há varias formas de conseguir isso”, disse, questionado se havia intenção de venda da totalidade do ativo. Para que a usine tenha ainda mais valor no caso de venda de uma participação no mercado, a companhia pretende participar com ela do leilão de disponibilidade previsto para o fim deste ano. “Sem dúvida, agrega valor ter um novo contrato de disponibilidade. O nosso termina em meados de 2027 e temos interesse em prolongar por mais 15 anos”, disse.
Em relação às hidrelétricas Santo Antônio do Jari, Cachoeira Caldeirão e Mascarenhas, que estão à venda, o presidente da EDP Brasil disse que a companhia recebeu algumas propostas “boas” e que deve avançar em negociações exclusivas com ao menos dois compradores.
A venda das usinas chegou a ser anunciada pela EDP Brasil no ano passado, sem revelar o nome do comprador, mas o negócio acabou não prosperando meses depois.