O El Niño deverá continuar provocando impactos no setor de energia no Brasil, potencializado pela estação de chuvas e pela chegada do verão. Com isso, deve haver maior despacho térmico e descolamentos mais frequentes do preço de liquidação das diferenças (PLD). Esta é a avaliação do Itaú BBA, que elaborou relatório com base em estudos climatológicos da Columbia University.
Segundo o estudo, há mais de 55% de chance de um El Niño forte entre janeiro e março de 2024, e 35% de chance que o fenômeno seja “historicamente forte” entre novembro e janeiro.
Assim, nos próximos quatro meses são esperadas poucas chuvas no Norte e Nordeste do país e chuvas acima dos níveis históricos no Sul. Os dados sugerem temperaturas mais altas em todo Brasil, mas especialmente no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ainda que não haja ondas de calor extraordinárias, o verão deve atingir níveis mais altos que o normal na demanda por energia.
Neste contexto, a demanda continuará alta. Com menos chuvas, as hídricas do Norte, que têm papel relevante na oferta durante o primeiro semestre do ano, devem gerar menos energia. Assim, deve haver mais despacho térmico e maior volatilidade nos preços de energia. As térmicas devem ser acionadas sobretudo a partir de meados da tarde, já que neste horário coincidem maior demanda por energia e redução na geração solar.
Para o Itaú BBA, o cenário pode beneficiar empresas com relevante portfólio térmico, como Eletrobras, Copel e Eneva, sendo que as duas primeiras têm pouco volume de energia contratada e também poderão aproveitar os preços mais altos no mercado spot. A alta nos preços pode beneficiar ainda a Auren, AES e Engie, que estão pouco contratadas no médio prazo, enquanto CPFL e Cemig, que estão com muita energia vendida, poderão ser prejudicadas.
Distribuidoras que atendem as regiões de temperaturas mais altas, como Equatorial e Energisa, também devem ter aumento na demanda já neste ano. Cemig, CPFL Paulista e CPFL Piratininga devem perceber aumento na demanda a partir do primeiro trimestre de 2024.