A Eletrobras aguarda a deliberação do Tribunal de Contas da União (TCU) prevista para sessão de amanhã, 18 de maio, sobre o plano de privatização da companhia, antes de estimar um prazo para lançar a operação ao mercado. Em teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre do ano, o presidente da estatal, Rodrigo Limp, disse que ainda é possível que o prospecto da oferta seja divulgado até o fim de junho.
“Após a deliberação do TCU, vamos ter que analisar o acórdão e verificar o que foi submetido de documentação aos acionistas”, explicou Limp. Isso será necessário para que a companhia entenda se precisa retornar algum ponto aos acionistas, por meio de assembleia, ou se pode prosseguir com a publicação do formulário de referência do primeiro trimestre do ano e com o prospecto da oferta.
A janela de mercado vai até meados de agosto, mas o ideal é que a operação seja feita o quanto antes, devido à questão eleitoral e também ao período de férias do hemisfério Norte, explicou Limp.
Como a estatal não sabe quais serão as recomendações do TCU à companhia, ou mesmo às entidades que trabalham na operação – BNDES, Ministério de Minas e Energia e Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) -, Limp disse que “seria precipitado estimar um prazo para analisar determinações que ainda não são conhecidas.”
Um dos pontos mais importantes da reunião do TCU de amanhã é a definição de um preço mínimo para as ações da Eletrobras, mas este não será divulgado ao mercado, nem mesmo à companhia.
“A informação que temos é que o preço vai sair tarjado, e só teremos conhecimento sobre ele no dia do bookbuilding”, disse Elvira Presta, diretora financeira da Eletrobras. O bookbuiding é o processo em que os assessores financeiros da oferta farão a coleta de intenção de compra dos investidores, e que resulta em um preço mínimo da operação. Se esse preço for superior ao mínimo estabelecido pelo TCU, a operação tem sinal verde para avançar. Segundo a diretora, a operacionalização do bookbuilding ainda será discutida com o BNDES.
Santo Antonio
Outro ponto que recebeu a atenção dos investidores durante a teleconferência com investidores da Eletrobras foi a possível consolidação da Santo Antonio Energia em suas operações, devido a um aumento de capital que deve ser realizado por Furnas na concessionária da usina do rio Madeira.
“Temos que avaliar impactos de qualquer cenário que se concretize”, disse Limp, que afirmou ainda não saber se os demais sócios da usina, exceto a Cemig, farão parte da capitalização. A estatal mineira foi a única sócia que se manifestou pelo contrário, até o momento.
Caso só Furnas subscreva a operação, se tornando controladora da Santo Antonio Energia, a Eletrobras pode ter que negociar com os credores para evitar um vencimento antecipado de dívidas. “Estamos avaliando os impactos de todas as alternativas para tomar a melhor decisão como um todo, olhando a continuidade da Santo Antonio Energia, uma das maiores SPES da companhia”, disse Limp.
Como a relação entre dívida líquida e Ebitda da Eletrobras está em 1 vez, com espaço para mais dívida, a consolidação de Santo Antonio terá impacto “controlado”.
Questionado se a consolidação de Santo Antonio acarretaria alguma mudança no cronograma da operação de capitalização da Eletrobras, Limp disse que isso também está sendo estudado, mas que nada indica que seja preciso retornar aos acionistas da companhia para algum tipo de deliberação. A expectativa é que a análise da Eletrobras sobre um possível aumento de capital seja entregue até 31 de maio, no entanto, a empresa ainda estuda outros cenários, como a negociação da dívida com credores.