A Eletrobras informou nesta terça-feira, 28 de fevereiro, que foram firmados, entre 1º de abril e 3 de julho de 2023, contratos de comercialização de energia com a Delta Comercializadora de Energia. A informação é uma resposta à ação judicial movida pela Associação Brasileira de Investidores (Abradin), que buscava apurar a realização de contratos entre as partes.
No período em questão, João Carlos de Abreu Guimarães foi eleito para o cargo de vice-presidente de Comercialização da companhia e poucos meses depois foi destituído da cadeira pelo conselho de administração. O motivo não foi mencionado no comunicado da empresa.
A demissão aconteceu duas semanas após notícias divulgadas na imprensa fazerem referência a supostas fraudes envolvendo empresas de comercialização de energia. A companhia foi provocada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) depois que o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem afirmando que Guimarães estava sendo investigado por indícios de operações fraudulentas relativas ao seu emprego anterior, no grupo Delta Energia.
A reportagem repercutia uma revelação do Valor Econômico de junho, de que a Delta Energia foi objeto de denúncia da CVM por supostos “negócios jurídicos fraudulentos” envolvendo as comercializadoras Beta e Zeta, criadas a partir de captações de fundos pela gestora de ativos da Delta. Guimarães era presidente da Beta desde sua criação, em 2017, e deixou o grupo para assumir a vice-presidência da Eletrobras.
Na publicação de ontem, a Eletrobras confirmou a existências dos contratos, porém, disse que como os acordos possuem cláusulas de proteção à confidencialidade das condições comerciais, e que não divulgaria dados adicionais sobre a questão ou sobre auditoria interna do assunto.
Crea-RJ
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ), Miguel Fernández, informou que a entidade vai oficiar uma ação contra a Eletrobras para obter esclarecimentos sobre os critérios utilizados na nomeação de Robson Campos para a vice-presidência Executiva de Engenharia de Expansão.
O executivo é graduado em Direito pela UFRJ, cursou especialização em Finanças pelo Ibmec e é mestre em gestão pela Universidade de Georgetown. Segundo o Crea-RJ, Campos não possui formação técnica para ocupar a função, contrariando a lei 5.194/1966, que regula o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo, estabelecendo a atuação em cargos, funções e comissões em estatais, paraestatais, autárquicas de economia mista ou privada.
Roberto Campos iniciou a carreira em 1990 na Wärtsilä, onde permaneceu de 1990 a 2016 e ocupou diferentes funções. Um ano depois, integrou cargos distintos na Camargo Corrêa e em 2020 foi para o grupo chileno Sigdo Koppers, atuando como diretor administrativo. Desde janeiro deste ano, o executivo está na vice-presidência Executiva de Engenharia de Expansão da Eletrobras.