A AES Brasil se prepara para um novo momento de crescimento voltado para a necessidade dos clientes. “Saímos daquela era de grandes contratos regulados, grandes projetos, para uma era de projetos menores e produtos diferenciados”, disse Clarissa Sadock, presidente da companhia, em entrevista à MegaWhat.
Ainda ocupando interinamente a diretoria financeira da companhia, Sadock acaba de suceder Ítalo Freitas no comando do grupo, que passa por uma grande reestruturação.
No processo, foi criada a nova holding AES Brasil, que será listada no Novo Mercado da B3 e vai controlar integralmente a AES Tietê, empresa que foi o veículo de crescimento da americana AES no Brasil durante mais de 20 anos.
Com a reestruturação, a companhia vai ganhar maior capacidade de endividamento para investir em novos projetos de geração renovável. “Ela triplica minha capacidade de crescer em greenfield, uma vez que eu não consolido mais a dívida inteira. Só vou tirar da estrutura atual o referente ao equity do projeto”, explicou Sadock.
Assim, a companhia espera aumentar o potencial de crescer atendendo consumidores no mercado livre. “Seja na modalidade de autoprodução, ou com um PPA convencional, o foco é ser a melhor escolha do cliente no mercado livre, atendendo as especificidades de cada um”, disse a executiva.
Para atender esses clientes, a companhia já adquiriu dois empreendimentos, os complexos eólicos de Cajuína e Tucano. O primeiro, localizado na Bahia, tem em construção 322,4 MW e capacidade para mais 259,6 MW de potência. Cajuína, por sua vez, fica no Rio Grande do Norte e tem potencial para até 1,1 GW de potência instalada. A companhia pretende iniciar esse ano a construção de 165 MW iniciais no complexo.
“Temos esse pipeline de 1,4 GW em nosso portfólio para atender o cliente livre e, se necessário, compramos mais”, disse.
Com a perspectiva de fim do desconto no uso do fio para fontes incentivadas, diante da aprovação no Congresso da Medida Provisória (MP) 998, a executiva vê uma aceleração na tomada de decisão dos clientes livres. Esse novo ritmo converge justamente com a estratégia da AES, que liberou a capacidade de endividamento para os novos projetos.
Nesse momento, o foco da AES Brasil é na fonte eólica, devido aos preços mais competitivos, mas a companhia também considera investir em novos projetos de geração solar fotovoltaica. Grandes hidrelétricas, porém, estão fora do radar, já que a meta ainda é diversificar as fontes.
Ao mesmo tempo em que a AES Brasil espera crescer com projetos greenfield feitos para atender as necessidades dos clientes, a companhia não descarta fusões e aquisições. “Mas é muito difícil te falar se vai acontecer ou não, porque são oportunísticos. Vamos continuar olhando, nosso foco são projetos de 100 MW a 300 MW, onde vemos uma competição mais em linha com nosso apetite, e onde temos mais capacidade de adicionar valor”, explicou a presidente da companhia.