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Enel aposta em projetos híbridos como alternativa aos combustíveis fósseis para balancear o sistema

Mais de sete anos após o início da operação comercial do seu primeiro projeto híbrido de eólica e solar fotovoltaica no Brasil, a Enel Green Power está pronta para iniciar a hibridização de projetos já implantados e, em 2023, desenvolver uma planta híbrida do início. A nova aposta foi apresentada pelo CEO da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, e por Bruno Riga, responsável da Enel Green Power Brasil, a jornalistas durante visita ao complexo eólico Lagoa dos Ventos, no Piauí.

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Mais de sete anos após o início da operação comercial do seu primeiro projeto híbrido de eólica e solar fotovoltaica no Brasil, a Enel Green Power está pronta para iniciar a hibridização de projetos já implantados e, em 2023, desenvolver uma planta híbrida do início. A nova aposta foi apresentada pelo CEO da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, e por Bruno Riga, responsável da Enel Green Power Brasil, a jornalistas durante visita ao complexo eólico Lagoa dos Ventos, no Piauí.

Para Cotugno, o setor precisa desmontar o mito de que é necessário utilizar fontes fósseis para balancear o sistema. Ele avalia que com a grande participação da eólica e solar na matriz brasileira, com variabilidade de horário dependendo de onde estão instaladas, é possível uma complementação até entre as regiões, que, combinada às hídricas já instaladas ou em desenvolvimento no país, garante a geração necessária para atender os picos de demanda.

“Não, não precisamos de um aporte (térmico) no futuro. O Brasil pode ter uma geração 100% renovável, sem nenhum risco de ter um problema técnico”, disse o executivo. Adicionalmente, Nicola ressaltou que as baterias já podem ser viáveis para entrar no mercado como uma das tecnologias que podem harmonizar a geração de energia e promover um balanceamento, assim como projetos de eficiência energética na indústria, comércio e residências.

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“Nos próximos leilões poderemos ver os resultados. O que queremos é a competição do mercado, e o cliente não ter que pagar mais porque é a tecnologia mais barata. Estamos conscientes que a eólica e a solar são as mais competitivas e pronto, sem subsídio. Assim como as outras tecnologias, de baterias e mobilidade elétrica, não pensamos numa entrada por subsídio ou sobrecusto”, disse Cotugno.

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Pioneiros em projetos híbridos

A Enel opera desde setembro de 2015 o parque Fontes, espécie de projeto piloto do grupo instalado na cidade de Paracatu, em Pernambuco, que reúne o complexo Fonte dos Ventos, com 80 MW, e o Fontes Solar, com mais 11 MW. Os projetos foram licitados em momentos diferentes, sendo o da fonte eólica em um leilão A-3 de 2011, e o de solar em leilão regional de Pernambuco em 2013, muito antes da definição das regras de projetos híbridos e associados definidas em 2021, que permitiram o compartilhamento da infraestrutura de transmissão, com redução de custos e otimização de uso da rede. Agora, o plano é aproveitar a complementariedade entre as fontes nos projetos em operação da companhia.

“Estamos estudando hibridizar as usinas que temos e iniciar novos projetos. No próximo ano, também vamos avançar na primeira planta híbrida de grande escala no país”, disse Bruno Riga.

Sem antecipar qual o projeto que iniciaria esse processo de complementariedade de fontes, Nicola Cotugno destacou que a hibridização das plantas não é algo que está no nível das ideias, mas sim, “na mesa do engenheiro”.

“Além de termos consolidado a solar e a eólica, um novo momento será a complementariedade de baterias para as plantas hibridas. Agora é eólica e solar, que é o mais rápido e imediato para fazer”, explicou o CEO da Enel Brasil.

Em média, segundo os executivos, a complementariedade de uma nova fonte em um parque já desenvolvido poderia gerar uma redução de custo do projeto de até 25%, a depender da região em que o parque está instalado. A economia vem principalmente de investimentos já feitos em transmissão, na construção de uma nova subestação, ou na infraestrutura de acesso e pavimentação do parque, por exemplo.

Para o complexo eólico Lagoa dos Ventos, que possui dois parques eólicos operacionais (Lagoa I e Lagoa II), o terceiro em construção (Lagoa III), além de um quarto, Lagoa V, com expectativa de conclusão nos primeiros meses de 2024, a hibridização usaria a mesma subestação, a de São João do Piauí, em 500 kV, da Chesf. “Não precisa de grande investimento. É otimizar a infraestrutura existente para ter uma energia mais competitiva, porque vai usar as estruturas que já existem”, disse Nicola Cotugno.

“A ideia de complementar com solar é uma oportunidade para ter uma geração mais eficiente. Essa é uma intenção real da empresa e estamos trabalhando para logo começar a construção de plantas hibridas. Um tema que para nós já realidade, tanto que estamos em etapa de valoração. As próximas plantas provavelmente vão nascer desde o começo hibridas”, explicou Bruno Riga.

*A jornalista viajou a convite da Enel Green Power