
A Enel registrou piora no resultado do segundo trimestre do ano nas concessões dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro devido à piora do Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e ao aumento das despesas operacionais. Por outro lado, a companhia apresentou alta no resultado da distribuidora do Ceará.
A companhia também verificou redução nas vendas do mercado cativo e crescimento no mercado livre nas três concessões. Os resultados foram divulgados nesta terça-feira, 29 de julho.
Enel São Paulo
A Enel São Paulo registrou lucro líquido de R$ 72,7 milhões no segundo trimestre de 2025, queda de 66,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impactado, principalmente, pelo aumento das despesas operacionais e pelo crescimento do custo do serviço de energia elétrica, pelo maior gasto com energia elétrica comprada para revenda.
O Ebitda da distribuidora paulista ficou em R$ 893 milhões, recuo de 13,5%, atribuído à elevação dos custos operacionais (opex). Por outro lado, a receita operacional líquida da concessão cresceu 14,1%, somando R$ 5,3 bilhões. Os custos operacionais cresceram 39,7%, a R$ 1,6 bilhão, e o custo com compra de energia elétrica para revenda subiu 25%, a R$ 2,4 bilhões.
Segundo a companhia, o resultado reflete, entre outros fatores, o aumento do custo de energia no período, consequência do agravamento das condições hidrológicas; e o crescimento das subvenções da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), devido à elevação das cotas homologadas na última revisão tarifária.
A empresa também destacou o aumento de outras receitas, como o aluguel de postes, além da redução das deduções referentes à CDE, motivada pela suspensão dos pagamentos relacionados à CDE Escassez e à CDE Covid.
Desempenho dos mercados de SP
A distribuidora encerrou o trimestre com alta de 1,1% no número de unidades consumidoras faturadas. O crescimento no mercado cativo foi puxado principalmente pela classe residencial, com a adição de aproximadamente 82 mil clientes. No mercado livre, os maiores avanços ocorreram nas classes industrial (57,4%) e comercial (38,4%), impulsionados pelo aquecimento do setor e pela migração de consumidores do mercado cativo.
O mercado cativo totalizou 6.879 GWh em vendas e transporte de energia, queda de 8,9% em relação ao 2T24, reflexo da migração de clientes industriais e comerciais para o mercado livre. Já o mercado livre atingiu 4.151 GWh, alta de 8%, impulsionada pelo aumento do consumo nas classes industrial e comercial.
Lucro na Enel Ceará
No Ceará, a Enel reportou lucro líquido de R$ 83,4 milhões no segundo trimestre de 2025, crescimento de 23,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O desempenho foi sustentado pela elevação do Ebitda e pela melhora na margem operacional, além da redução nos custos.
A receita operacional líquida avançou 22%, alcançando R$ 2,27 bilhões. O crescimento foi impulsionado por ativos e passivos setoriais, elevação da receita com o uso da rede (especialmente entre consumidores livres para revenda), menor incidência de penalidades regulatórias e aumento das subvenções da CDE.
O Ebitda somou R$ 573,7 milhões, alta de 29,5%, atribuída à maior margem operacional, reflexo do aumento das subvenções da CDE e da tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD) no mercado livre; e da redução de perdas com créditos de liquidação duvidosa.
Mercados cearenses
A distribuidora cearense encerrou junho de 2025 com crescimento de 1,3% no número de consumidores faturados, totalizando 4,32 milhões de unidades. No mercado cativo, o aumento também foi de 1,3%, com destaque para as classes residencial de baixa renda e setor público. Por outro lado, houve queda nas classes industrial e comercial, motivada pela migração para o mercado livre.
O mercado cativo totalizou 2.452 GWh em vendas e transporte de energia, queda de 3,4%, reflexo da transição de clientes para a geração distribuída e para o mercado livre. Já o mercado livre teve expansão de 16,9%, atingindo 974 MWh, com destaque para os segmentos comercial, rural, industrial e setor público. O número de consumidores livres faturados cresceu 89,5% em relação ao 2T24.
Prejuízo na Enel Rio
Na concessão do Rio de Janeiro, a Enel registrou prejuízo líquido de R$ 67 milhões no segundo trimestre de 2025, aumento de 5,3% em relação ao prejuízo de R$ 63,9 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. O resultado negativo refletiu o aumento do custo de energia elétrica comprada para revenda, em 25,4%, a R$ 837 milhões, ao mesmo tempo em que as despesas operacionais subiram 20%, a R$ 1 bilhão.
A receita operacional líquida cresceu 11,6%, totalizando R$ 2,2 bilhões, impulsionada pelos mesmos fatores observados nas operações de São Paulo e Ceará. O Ebitda caiu 1,6%, ficando em R$ 328 milhões, devido à piora da margem operacional decorrente do aumento nos custos com compra de energia.
Desempenho no RJ
O número de consumidores efetivos faturados no mercado cativo manteve-se estável em 3 milhões. Já os clientes livres aumentaram 45% no trimestre, refletindo a continuidade da migração do mercado cativo.
As vendas no mercado cativo recuaram 11,1% em relação ao 2T24, totalizando 1.795 GWh. A redução foi atribuída à migração de consumidores para o mercado livre e às temperaturas mais amenas registradas nos três meses do trimestre. No mercado livre, o consumo avançou 6,8%, chegando a 1.009 GWh, puxado pelas classes industrial, comercial e setor público, além da melhora no desempenho econômico da construção civil.