Expansão do portfólio

Eneva mira cluster de gás no Centro-Oeste e entrará em leilão 'mais competitiva'

A Eneva pretende expandir sua atuação para a região Centro-Oeste do país e entrar no leilão de reserva de “forma mais competitiva”.

Funcionário da Eneva/ Divulgação
Funcionário da Eneva/ Divulgação

A Eneva pretende expandir sua atuação para a região Centro-Oeste do país e entrar no leilão de reserva de capacidade esperado para este ano de “forma mais competitiva” depois de adquirir quatro térmicas do BTG Pactual e anunciar um aumento de capital de até R$ 4,2 bilhões, via oferta de ações, disseram executivos da companhia em teleconferência nesta terça-feira, 16 de julho.  

Segundo Lino Cançado, presidente da Eneva, o movimento de expansão da empresa para a região central do país vinha sendo costurado com “cautela”, mas o reforço no balanço, através da emissão de ações, pode ajudar a acelerar esses investimentos.

“Nós adquirimos quatro blocos exploratórios na Bacia do Paraná, que tem blocos na localizados no Mato Grosso (MT) e no Mato Grosso do Sul (MS). Nós também estamos iniciando uma aquisição, que já está andamento e, a depender dos resultados exploratórios, a ideia é desenvolver um cluster similar ao que nós já fizemos no Maranhão e no Amazonas. É um trabalho em andamento e, inclusive, o reforço no balanço da companhia ajuda a viabilizar com a aceleração desses investimentos de crescimento”, afirmou Lino.

A aceleração será possível devido a possível redução do endividamento da companhia. De acordo com Felippe Valverde, head de Relações com Investidores e de Fusões e Aquisições da Eneva, a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e o Ebitda (sigla em inglês para resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortização) pode cair das 4,1 vezes calculadas no primeiro trimestre do ano para 2,6 vezes, índice considerado “confortável” pela empresa, depois da compra das termelétricas do BTG, que vieram sem dívida.

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Com a diminuição, a empresa espera destravar oportunidades para desenvolver projetos da sua carteira e “ganha fôlego” para novos projetos e investimentos no curto prazo, período no qual a Eneva tem a maior necessidade de desembolso devido ao programa de investimento em implementação.

Gás no Mato Grosso do Sul

Nesta segunda-feira, 15 de julho, Frederico Miranda, diretor de Exploração e Tecnologia de Baixo Carbono na Eneva, acompanhou uma pesquisa em 14 municípios do Mato Grosso do Sul para identificar a existência de gás natural. Conforme informações do governo estadual, a pesquisa será feita durante o período de 16 meses, em quatro blocos de cidades, entre elas Ivinhema, Bataguassu, Camapuã, Angélica, Paraíso das Águas, Figueirão, Chapadão do Sul, entre outras.

“A medida que a gente avance nestas atividades de pesquisa e de fato encontre gás natural, isto pode desencadear uma série de novas industrias e até amplificar outras já existentes no estado. Nossa expectativa é que em 2026 e 2027 possamos iniciar a perfuração dos poços exploratórios”, afirmou Miranda, conforme nota publicada pelo governo do estado.

Recontratação das usinas

As UTEs Viana, Viana 1, LORM e Povoação 1 estão operacionais e contratadas em leilões, com receita garantida até dezembro de 2025. De acordo com o presidente da Eneva, a integração das usinas envolve potenciais ganhos aos esforços de recontratação dos ativos, após seus contratos terminarem.

Em complemento ao presidente, Valverde explicou que o acordo prevê parcelas variáveis a depender do êxito na antecipação dos contratos garantidos no leilão de 2021 e da contratação das usinas no leilão de reserva de capacidade previsto para acontecer ainda em 2024.

“Os ativos têm um fluxo de caixa robusto nos dois primeiros anos, que estão sendo precificados na transação, mas após esse período de contratação inicial, a Eneva tem o upside de fazer a recontratação desses ativos para um segundo ciclo operacional. Como três dos ativos estão localizados no Espírito Santo e são conectados à malha de gás, que tem a possibilidade de suprimento de gás via Hub Sergipe,  nós podemos destravar mais valor na operação e dar um segundo ciclo de vida para esses ativos”, destacou o executivo.

Aposta da Eneva no leilão

Para o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da empresa, Marcelo Cruz Lopes, a Eneva ganhou “mais força” e está pronta para participar do leilão para contratação de reserva de capacidade de forma competitiva após aquisição dos ativos.

“A expectativa da Eneva é que o leilão aconteça no segundo semestre, até por conta da necessidade que o sistema tem para contratar a capacidade para fazer frente à necessidade de confiabilidade. O movimento dos ativos do BTG coloca a empresa com mais força ainda para poder participar do leilão de maneira bem competitiva e atender parte dessa demanda que o setor vai precisar contratar”, destacou Lopes.

Sobre a demanda do certame, o executivo falou que a perspectiva da empresa segue o planejamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que indicou uma necessidade de capacidade adicional a ser contratada, mesmo se ocorrer um crescimento de demanda de energia menor.

“Esses casos de demanda de potência ou de capacidade, eles têm se configurado até um pouco abaixo do que vem acontecendo na prática. Quando olhamos as demandas máximas que aconteceram em 2023 e já estão acontecendo em 2024, mesmo em períodos mais frios, elas levam a crer que o requisito de potência e a demanda por capacidade em 2027 e 2028 tendem a ser maiores do que aquelas que foram feitas com base no último estudo da EPE”, disse Lopes, afirmando que o leilão precisa ocorrer de forma “mais célere” para que o sistema não passe por situações de baixa confiabilidade.