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Engie busca integração energética na América do Sul para escoar excesso de capacidade de geração

Com um pipeline de 1,8 GW em projetos de renováveis desenvolvido, a Engie Brasil Energia não espera tirar os ativos do papel tão cedo, a menos que os preços de energia voltem a subir, viabilizando os investimentos.  "Precisamos que o governo venha estimular consumo e escoamento para esse volume que tem no mercado, para que os preços se recuperem e tenhamos estímulos para investimento em nova capacidade", disse Eduardo Sattamini, presidente da companhia, durante teleconferência sobre os resultados da Engie no primeiro trimestre deste ano.

Engie busca integração energética na América do Sul para escoar excesso de capacidade de geração

Com um pipeline de 1,8 GW em projetos de renováveis desenvolvido, a Engie Brasil Energia não espera tirar os ativos do papel tão cedo, a menos que os preços de energia voltem a subir, viabilizando os investimentos. 

“Precisamos que o governo venha estimular consumo e escoamento para esse volume que tem no mercado, para que os preços se recuperem e tenhamos estímulos para investimento em nova capacidade”, disse Eduardo Sattamini, presidente da companhia, durante teleconferência sobre os resultados da Engie no primeiro trimestre deste ano.

Uma potencial via de crescimento para a empresa, segundo Sattamini, pode envolver a exportação de geração de hidrelétricas para o Uruguai e a Argentina. Neste ano, houve exportação de vertimento turbinável das usinas, com ganhos a todos os participantes do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE). 

“Estamos tentando perenizar essa exportação”, disse Sattamini, explicando que existe excesso de oferta no Brasil e carência em outros países da região, o que levanta a possibilidade para um arranjo para um “acordo regional de integração energética do continente”. A ideia é exportar geração a preços mais competitivos ao Uruguai e Argentina, com exportação subsequente de gás da Argentina ao Chile, com a qual o Brasil não tem fronteira.

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Já houve a redução do vertimento turbinável por conta do fim do período chuvoso, mas o nível dos reservatórios das hidrelétricas, combinado ao excesso de geração por outras fontes no país, pode permitir que o Brasil continua exportando energia, monetizando os reservatórios cheios.

“O desenho pode permitir não só utilizar de forma inteligente a energia hidráulica que seria vertida, mas usar o que excede dos reservatórios existentes”, disse Eduardo Takamori, atual gerente de Assuntos Regulatórios e de Mercado da companhia, e nomeado ontem seu novo diretor Financeiro, em substituição a Marcelo Malta, que vai assumir o comando da Fundação Elos, ainda dentro do grupo.

Segundo Sattamini, a Engie tem um grande portfólio de energia vendida, mas os preços atuais não favorecem novos negócios, o que prejudica toda a indústria de geração renovável.

“O preço não pode ficar muito tempo abaixo do custo marginal de expansão. Já vimos efeitos disso acontecendo, a fábrica de aerogeradores da GE fechando, o anúncio de que a Siemens Gamesa vai fechar a fabrica a partir de julho”, disse Sattamini.

Segundo ele, diversas questões, como subsídios e crescimento da autoprodução no mercado livre, distorceram o mercado e são “noçivas”. “O mercado é saudável quando é saudável para todos, consumidor, produtor, e cadeira de valor. Precisamos buscar equilibrio, acho que teremos boas surpresas, dado que o governo já está observando a necessidade de uma ação”, disse.

A companhia também avalia participar do leilão de reserva de capacidade, caso exista demanda de potência e o edital libere a contratação de energia hidrelétrica. A Engie tem potencial para aumentar a potência nas hidrelétricas de Jaguara e Salto Santiago, disse Takamori.

A companhia defende que o leilão tenha competição entre fontes distintas, desde que o produto a ser adquirido cumpra os requisitos necessários. “Preferimos um leilão mais agnóstico do ponto de vista tecnológico ou de fonte. Pode ter dificuldade de implementação, mas achamos que isso deve ser perseguido”, disse Takamori. Para ele, a concorrência entre as fontes hídrica e térmica não seria um problema, desde que cumpra a função necessária.

“A competição faz com que a alocação seja mais eficiente no sentido de entregar o que o sistema precisa, ao menor custo. Por isso, falamos que não adianta querer colocar eólica offshore nesse momento em leilão específico, porque isso vai gerar distorção e ineficiência, ao invés de usar os recursos que temos para fornecer o necessário”, disse Sattamini.

A Engie tem ainda uma outra via de crescimento por meio de ativos de transmissão, e está se preparando para discutir os leilões previstos para este ano.

Segundo Sattamini, as equipes técnicas da Engie estão avaliando os lotes que serão ofertados no certame previsto para 30 de junho deste ano, que deve envolver investimentos de até R$ 16 bilhões. Haverá ainda mais dois leilões de grande porte de transmissão em 2023, um deles de linhas de corrente contínua para escoar energia do Nordeste para o centro da carga.

“Estamos muito bem preparados para o leilão do fim de junho. Não posso falar os lotes que nos interessam, mas estaremos presentes, dispostos a um volume razoável de investimentos”, disse Sattamini. Segundo ele, a empresa está “esperançosa” de que vai sair vencedora de uma “parcela razoável” dos lotes oferecidos.

Balanço

No primeiro trimestre deste ano, a Engie teve lucro líquido de R$ 882 milhões, crescimento de 36,7% na comparação com o resultado do mesmo período do ano passado.

A receita operacional líquida caiu 4,9%, a R$ 2,9 bilhões. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu 9,1%, a R$ 2 bilhões.

A energia vendida cresceu 1%, a 4.343 MW médios, ao mesmo tempo em que o preço líquido médio de venda avançou 3,1%, a R$ 229,42/MWh. Já a produção bruta da energia elétrica cresceu 31%, a 4.312 MW médios. 

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