A Engie Brasil Energia segue com apetite para investir em novos empreendimentos de geração renovável, principalmente das fontes eólica e solar fotovoltaica. O mesmo interesse, contudo, não vale para a geração distribuída. Em teleconferência sobre os resultados do terceiro trimestre do ano, o diretor financeiro da companhia, Marcelo Malta, disse que a companhia está prestes a sair do segmento.
“Estamos mapeando o mercado para verificar potenciais compradores”, disse Malta. Segundo ele, a Engie entrou no negócio de GD com o principal objetivo de conhecer melhor o mercado, mas acabou se deparando com uma competitividade muito grande. “Tem competidores com estrutura de custo bem inferior a nossa, padrões de governança diferentes”, explicou.
Segundo o executivo, a Engie concluiu que não conseguirá ser competitiva no negócio a ponto de ampliar de forma significativa seu portfólio e, por isso, sua experiência tem sido aquém do que era esperado. “Nossa perspectiva é focar em investimentos mais significativos que agreguem mais valor. Para montar um portfólio [de GD] em níveis equivalentes a um projeto mais robusto de geração eólica e solar, por exemplo, não é tão simples”, disse.
Em geração de renováveis, por sua vez, a Engie mantém grande interesse. Agora, a companhia olha para investimentos em geração solar fotovoltaica, até pela complementariedade com o portfólio de geração eólica, uma vez que o período de maior intensidade dos ventos dos projetos da companhia é à noite.
O executivo não mencionou, contudo, nenhum negócio concreto em vista. “Oportunidades a gente tem verificado no mercado, estamos sempre atentos a toda e qualquer possibilidade de aumentar nosso portfólio”, afirmou.
A demanda está aquecida por novos projetos de geração renovável, por conta da perspectiva de fim do desconto do fio. “A informação que temos é que temos algo em torno de 8 GW em projetos sendo desenvolvidos. Nós aqui temos um portfólio que também pretendemos homologar e definir quando implantar”, disse Malta.
Em relação ao capex dos projetos, o executivo disse que tem ficado surpreso com os níveis considerados em empreendimentos em desenvolvimento. No caso do Conjunto Eólico Santo Agostinho, que está em processo de início de construção e terá 434 MW de potência, a Engie estima um capex entre R$ 5,3 milhões e R$ 6 milhões por MW instalado. “Temos verificado projetos com perspectiva de viabilização com níveis de capex em torno de R$ 4 milhões por MW”, disse Malta.
No caso de Santo Agostino, a Engie conta com proteção contratual contra novas elevações dos preços de commodities, que tem pressionando o custo dos equipamentos dos projetos. Segundo Malta, a companhia fez contratos de hedge de câmbio e commodities para mitigar esses riscos.