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Engie tem apetite grande para geração e mira dois lotes no próximo leilão de transmissão

A Engie Brasil Energia tem forte interesse em dois lotes dos cinco que serão oferecidos no leilão de transmissão da próxima semana, em 17 de dezembro. Juntos, os lotes de interesse somam R$ 2,4 bilhões em investimentos.

Durante evento da Engie com investidores e analistas, o diretor de Novos Negócios da companhia, Guilherme Slovinski Ferrari, afirmou que a companhia vai disputar os lotes 1 e 4 do próximo certame de transmissão.

O lote 1, que envolve investimentos da ordem de R$ 1,75 bilhão, contem uma linha de transmissão conectando o Paraná a São Paulo, e é contíguo ao projeto de transmissão Gralha Azul, atualmente em construção pela Engie. “Esse projeto tem suas peculiaridades, desafio grande de geografia e fundiária, está em áreas urbanas, e nosso time de implantação e engenharia vem trabalhando no estudo do projeto desde o início do ano”, afirmou.

Já o lote 4, de R$ 660,9 milhões e localizado em Minas Gerais, fica próximo de um ativo de geração da Engie, o que aumenta a competitividade da companhia por conta de sinergias operacionais.

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“E ano que vem teremos mais lotes licitados, já foram anunciados 15 lotes de transmissão para o ano que vem e vamos começar a estudar”, disse Ferrari.

Nova geração

Ainda em termos de crescimento, a Engie nota uma grande competição por empreendimentos de geração renovável, diante do fim do desconto pelo uso da rede para projetos que peçam outorga depois de fevereiro do ano que vem. Segundo Ferrari, a companhia tem cerca de 1 GW em projetos com exclusividade para buscar desenvolver até 2025, prazo final para que os ativos entrem em operação mantendo o desconto no fio.

“E também poderemos ter benefícios da resolução de projetos híbridos, onde podemos, pelos contratos de uso de sistema já assinados, nos beneficiar acrescentando projetos solares também”, disse Ferrari.

Segundo o diretor da companhia, a corrida pro projetos está muito grande, sendo que a fonte eólica tem uma desvantagem em relação à solar, que não é obrigada a aportar garantias.

Dados de outubro, segundo o executivo, mostravam um estoque de 40 GW em requerimentos de outorga (DRO) para parques eólicos, e mais 10 GW em processo de autorização. Já a fonte solar tinha mais de 200 GW em DROs, com mais 30 GW em autorização.

“A capacidade de escoamento do Nordeste é um problema sério que impacta a cadeia de fornecimento, e isso faz com que empresas que realmente querem implementar os projetos tenham dificuldades, porque quando vão pedir o parecer de acesso ao ONS existe uma restrição de transmissão”, afirmou Ferrari. Segundo ele, é um ponto que o regulador precisa avaliar, já que as empresas com outorga de projetos de solar podem não entregar os empreendimentos.

Aumento de preços

Ao mesmo tempo em que há essa corrida por novas outorgas de geração renovável, a companhia vê uma perspectiva de aumento de preços de energia no médio a longo prazo, disse Gabriel Mann dos Santos, diretor de comercializador de energia da Engie.

Além da alta dos preços das commodities e o câmbio, Santos lembrou do aumento da taxa de juros no Brasil. “Isso no final do dia acaba fazendo com que os custos de implantação e financiamento dos novos projetos sejam majorados, e consequentemente o preço para viabilizar os projetos aumenta”, disse.

Como há mais projetos em desenvolvimento, isso também consome a capacidade das fábricas dos fornecedores locais, o que ajuda a reforçar os aumentos de preços. “Mas a gente continua vendo interesse bastante brande pelo lado de consumidores em contratar energia renovável no longo prazo”, disse Santos. 

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