Após chuvas

“Está claro que melhoramos a resposta em eventos extremos”, diz Enel

Companhia também se diz confiante em relação a processo na Aneel

Edifício da Enel em Niterói, no Rio de Janeiro
Edifício da Enel em Niterói, no Rio de Janeiro | Enel

Após o temporal de 11 de outubro, que deixou 3,1 milhões de unidades consumidoras sem energia, a Enel avalia que seu desempenho em situações de eventos climáticos extremos melhorou e que “os resultados serão melhores no próximo evento extremo”. As declarações foram dadas pelo presidente da Enel Américas, Aurelio Bustilho, em teleconferência de resultados do terceiro trimestre realizada nesta segunda-feira, 28 de outubro.

O executivo também demonstrou tranquilidade em relação à intimação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por reincidência de atendimento insatisfatório e descumprimento do plano de contingência ajustado pela distribuidora com a autarquia e com a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp).

Bustilho classificou o processo como “normal” e disse que a companhia apresentará à Aneel o que foi feito e o que será executado pela empresa em situações parecidas. Segundo ele, a própria Aneel em sua manifestação reconheceu que a situação se tratou de um evento extremo.

“Estamos confiantes de que o processo será muito bem gerenciado e que o resultado será melhor no próximo evento extremo, assim como foi desta vez, comparado ao evento de novembro do ano passado. Nós melhoramos a recuperação e nossas atividades. Está claro que melhoramos, então nós vamos apresentar isso e estamos confiantes”, disse o executivo.

Medidas na distribuição

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Na conferência, a companhia apresentou a tempestade do último dia 11 de outubro como a mais forte dos últimos 30 anos, com ventos acima de 107 quilômetros por hora. A diretoria da Enel considerou que os investimentos em digitalização do grid e sistemas automatizados para manobras remotas na rede possibilitaram um restabelecimento do serviço de forma mais ágil, com a retomada do abastecimento de 1 milhão de unidades consumidoras na mesma noite e de 80% das unidades atingidas até o fim do dia seguinte à tempestade.

Na conferência, a companhia mencionou que trouxe reforços de pessoal de outras distribuidoras do grupo no Brasil (no Rio de Janeiro e no Ceará) e também da Itália, Chile, Argentina e Espanha, totalizando 2,8 mil trabalhadores em campo. Até outubro de 2024, a Enel contratou 410 eletricistas, um aumento de 24% na base dos profissionais em um ano, e aumentou em 41% as podas preventivas no período, totalizando 460 mil podas.

Aurelio Bustilho declarou que a Enel considera importante manter os investimentos na distribuição, e mencionou o plano de reintegrar funcionários para atividades operacionais. “É importante manter os investimentos em reforços para a distribuição”, disse. Entre 2024 e 2026, a Enel planeja investir R$ 6,2 bilhões no Brasil.

No terceiro trimestre de 2024, a companhia investiu US$ 246 milhões em redes no país, com aumento de 10% na comparação anual. Os resultados deste período não incluem o blecaute de outubro.

Na região das Américas, que abrange as operações no Brasil, Argentina, Colômbia e na América Central (Costa Rica, Guatemala e Panamá), a Enel investiu US$ 450 milhões no trimestre. O montante representa redução de 37% na comparação anual. Segundo Bustilho, a retração se explica por menores investimentos em geração e pela desvalorização cambial. Do total investido, US$ 351 milhões (78%) foi para as redes de distribuição.

Resultados

A Enel Américas teve Ebitda (sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 939 milhões no terceiro trimestre, o que representou uma redução de 6% na comparação anual. Segundo a empresa, o cenário se explica pela desvalorização cambial no Brasil e ao cenário hidrológico desfavorável na Colômbia. Do Ebitda total, 55% foi conquistado no Brasil.

No país, a Enel registrou Ebitda de US$ 520 milhões, com redução de 5% na base anual. O lucro foi de US$ 155 milhões, o que representou aumento de 42% em relação ao ano anterior. A produção de energia no período foi de 6,6 mil GWh, com crescimento de 33% na base anual.

A venda de energia no país, no segmento de geração, chegou a 10,3 mil GWh, um acréscimo de 22% em relação ao terceiro trimestre de 2023. No segmento de distribuição, a venda de energia aumentou 4%, a 17,9 mil GWh.

Em São Paulo, a Enel registrou lucro de R$ 330,2 milhões, um aumento de 58,6% na comparação anual. A receita bruta foi de R$ 8,2 bilhões, com crescimento de 11,2% em relação ao mesmo período de 2023.

No Rio de Janeiro, a Enel registou prejuízo de R$ 1 milhão, melhorando o desempenho do terceiro trimestre de 2023, quando o resultado foi de R$ 137,8 milhões negativos. A receita bruta aumentou 18%, a R$ 3,3 bilhões.

A Enel Distribuição Ceará teve lucro de R$ 68,1 milhões no trimestre, uma redução de 50,7% na base anual. A receita bruta avançou 12,9% no período, a R$ 3,2 bilhões.