O follow on da fabricante brasileira de pás Aeris Energy, vai ajudar a empresa “a navegar em 2024, que será um ano mais desafiador em termos de demanda”, explicou o CEO da companhia, Alexandre Negrão, em teleconferência com analistas sobre o resultado do terceiro trimestre.
O processo foi anunciado nesta quarta-feira, 9 de novembro, e prevê a distribuição primária de 476.190.477 novas ações, ao preço de R$ 0,84 por ação, totalizando R$ 400 milhões. O BTG Pactual prestará a garantia firme de subscrição de até a totalidade das ações, correspondentes ao montante financeiro total, a seu critério e de seus acionistas controladores, ser reduzido de acordo com a demanda do mercado.
“A oferta mostra um compromisso da empresa em reenquadrar a estrutura de capital, a identidade. Focado nisso, a gente acredita que agora é uma boa janela de oportunidade para ser feito, para fazer essa decisão, que é uma oferta 100% primária, e que vai colocar a empresa em outro patamar de estrutura de capital”, disse Alexandre Negrão.
Ao manter essa posição de caixa mais confortável, amortizando operações e reduzindo a dívida bruta, a companhia também espera estar preparada para um novo ciclo de crescimento, principalmente a partir de 2025, para múltiplos mercados.
“Ela [operação] nasce 100% garantida pelo BTG. A família Negrão, controladora da companhia, que detém 60% do capital, ela cede o direito de preferência ao banco BTG com uma obrigação de recompra, de reversão dessa operação no intervalo de dois anos, e os direitos de voto sobre permanecem com a família Negrão”, explica Bruno Lóri, diretor de Relações com Investidores da Aeris, ressaltando que não existe alteração no controle da companhia.
A expectativa é reduzir em pelo menos duas vezes a relação da dívida, cumprindo os compromissos que estão para vencer nos próximos três semestres e mantendo uma posição de caixa confortável ao longo desse período.
Sinais de melhora para expansão eólica
“A gente viu que a Vestas, essa semana, publicou um resultado com lucro e isso mostra que a indústria está começando a praticar preços maiores e, por conta disso, a gente está começando a ter um mercado mais saudável. Não só com a Vestas, a gente deve ver esse mercado melhorando também com alguns outros players”, apontou Alexandre Negrão.
A Aeris prevê que a expansão global do setor supere os atuais 100 GW, com possível recorde em 2023, para a casa dos 200 GW nos próximos cinco anos, com a China sendo responsável por cerca de metade dessa expansão.
“A gente segue confiante com o mercado e sabe que pode ter uma demorar um pouco a mais para atingir alguns números, mas às vezes, a demanda, a oferta, ela escorrega uns dois anos para lá e para cá. É isso que a gente tem visto, mas no médio e longo prazo a gente vê que o crescimento, ele é muito consistente e factível”, completou o CEO da empresa.
No mercado norte-americano, tanto o projeto de produção local quanto o de exportação está no radar da companhia, restando dúvidas apenas sobre a velocidade de crescimento desse mercado com base nos incentivos e redução de impostos anunciados pelo governo de Joe Biden.
“Para a gente ter uma ideia de números, em 2022 se instalou um pouco mais de 7 GW nos Estados Unidos e, em 2023, esse número deve ser algo em torno disso. As previsões, quando o IRA [Inflation Reduction Act] for 100 % implementado, é que esse número chegue ali na casa dos 25 GW em mais ou menos dois ou três anos”, disse Negrão.
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Falando de Brasil, a expectativa em números é de um recorde de instalação neste ano, próximo a 5 GW, porém com uma baixa para 2024 e com uma incerteza para 2025. Para essa projeção, a empresa considera fatores hídricos, com impacto na redução do preço da energia, um cenário de juros ainda elevados e de incerteza de crescimento econômico.
“A gente deve ver uma queda desses 5 GW para a casa de 2 GW no ano que vem e entre 2025 e 2026, vai a depender muito desses fatores”, completou o CEO da Aeris Energy
Resultados
A Aeris Energy reportou prejuízo líquido de R$ 28,7 milhões no terceiro trimestre de 2023, acumulando prejuízo de R$ 70 milhões de janeiro a setembro.
A receita líquida foi de R$ 885,8 milhões no período enquanto o lucro antes de juros, impostos e amortização (Ebitda na sigla em inglês) foi de R$ 77,4 milhões no trimestre.
*Matéria atualizada às 15h10 desta quarta-feira, 9 de novembro, para correção sobre a informação de follow on da companhia