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Gigante do carvão da Austrália rejeita proposta bilionária da Brookfield para acelerar descarbonização

Gigante do carvão da Austrália rejeita proposta bilionária da Brookfield para acelerar descarbonização

A empresa australiana AGL Energy, cujas termelétricas a carvão são responsáveis por 8% das emissões de gases poluentes do país, rejeitou uma oferta da gestora canadense Brookfield que envolvia investimentos da ordem de R$ 15 bilhões para acelerar a transição da companhia para uma matriz renovável.

Em um consórcio com o bilionário australiano Mike Cannon-Brookes, a Brookfield Renewable fez uma proposta de aquisição da AGL por 7,50 dólares australianos por ação, avaliando a companhia em 5 bilhões de dólares australianos.

A proposta foi rejeitada, contudo, uma vez que o conselho da AGL considerou que o valor ofertado subavalia a companhia.

O valor oferecido incluía um prêmio de 4,7% em relação ao preço das ações da companhia no fechamento do pregão de 18 de fevereiro, de 7,16 dólares australianos.

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Além disso, a proposta incluía investimentos de cerca de 20 bilhões de dólares australianos (equivalentes a cerca de US$ 15 bilhões) para facilitar a transição da matriz da AGL, substituindo 7 GW em termelétricas por no mínimo 8 GW em capacidade de geração de energia renovável e baterias para armazenamento.

“Ao combinar nosso acesso ao capital com a expertise em energia renovável, somos capazes de ajudar negócios intensivos em carbono na transição para um futuro mais sustentável e competitivo, ao mesmo tempo em que faremos uma contribuição significativa para a transição para as emissões zero”, disse Connor Teskey, presidente da Brookfield Renewable, no comunicado que justificou a oferta.

A AGL anunciou no início deste mês que pretende encerrar as termelétricas a carvão até 2045, enquanto as emissões líquidas de carbono devem ser zeradas em 2040. Segundo o consórcio, com os investimentos, seria possível atingir emissões líquidas nulas de carbono antes, em 2035.

“A AGL representa 8% das emissões da Austrália: mais que as emissões combinadas da aviação doméstica e internacional, ou mais que todos os veículos do país”, disse Cannoon-Brookes, que se associou à Brookfield por meio da Grok Ventures. Segundo ele, esse seria um dos maiores projetos de descarbonização do mundo, mostrando que a Austrália é capaz de atingir as metas globais.

Em comunicado arquivado na Bolsa da Austrália, a AGL disse que a proposta subavalia “materialmente” a companhia e não atende os melhores interesses de seus acionistas.

Na sequência, o consórcio formado pela Brookfield e a Grok Ventures manifestou “decepção” com a decisão do conselho.

“A intenção do consórcio é facilitar e financiar a transição da capacidade termelétrica da AGL de uma forma que priorize a segurança no abastecimento de energia e os preços”, disse Stewart Upson, presidente da Bookfiend na região da Ásia Pacífico.

Apesar da negativa, as empresas continuarão tentando fazer o negócio. “O consórcio permanece otimista de que pode chegar a um acordo com o conselho da AGL, o que pode ajudar a acelerar a descarbonização do portfólio da companhia e a entregar energia mais barata para os consumidores”, diz o comunicado conjunto da Brookfiled com a Grok Ventures.