O Ministério de Minas e Energia e a Eletrobras apresentam nesta sexta-feira, 20 de agosto, o plano de capitalização e privatização da elétrica para fundos de investimentos nos Estados Unidos. O objetivo é atrair investidores para o negócio e para outras oportunidades nas áreas de energia e óleo e gás no Brasil, que devem demandar investimentos da ordem de US$ 527 bilhões nos próximos dez anos.
“Boa parte desses projetos nossos demandam muito porque são intensivos em capital. E você percebe hoje cada vez mais uma diversificação no perfil das empresas que participam nos leilões de energia, na capitalização da Eletrobras, que vai subscrever um conjunto importante de ações, e certamente fundos participarão desse processo ativo de follow-on e nos demais ativos da carteira do ministério [de Minas e Energia]”, afirmou o secretário-executivo adjunto da pasta, Bruno Eustáquio, à MegaWhat.
Nesta sexta-feira, o secretário vai se reunir com o banco J.P. Morgan, em Nova York. Na véspera, ele participou de reuniões organizadas pela XP Investimentos e o BTG Pactual e que contaram com a participação da diretora financeira de relações com investidores da Eletrobras, Elvira Presta.
Com relação à Eletrobras, o objetivo do governo é apresentar a agenda do processo de capitalização e privatização da maior empresa de energia da América Latina, previsto para fevereiro de 2022, e os principais indicadores do resultado do segundo trimestre da companhia, que reportou lucro líquido de R$ 2,5 bilhões.
“Esses fundos são importantes termômetros que temos de avaliação do andamento das políticas do ministério”, disse Eustáquio. “Tudo o que estamos fazendo tem muita consistência. É muito mais fácil de apresentar, discutir e de responder. E o interessante é que as empresas reconhecem isso”, completou.
Leilões petrolíferos
A reuniões em Nova York encerram uma semana de trabalho do ministério nos Estados Unidos, que teve início em Houston, no Texas, onde o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, participou da Offshore Technology Conference (OTC), um dos principais eventos da agenda da indústria petrolífera mundial, e se reuniu com executivos da americana ExxonMobil, da francesa TotalEnergies (antiga Total), da colombiana Ecopetrol e da chinesa CNOOC.
Segundo Eustáquio, nesses encontros foram apresentados ajustes e melhorias feitos pelo governo para o segundo leilão do excedente da cessão onerosa, marcado para 17 de dezembro e que ofertará as áreas de Sépia e Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos, que não tinham recebido propostas no primeiro leilão do tipo, em 2019. Devido aos aprimoramentos realizados e à resposta dada pelas companhias, o secretário disse esperar um resultado melhor para o leilão deste ano.
“É zero dúvida com relação a isso. Estamos muito conscientes das modificações que fizemos. São modificações que reduzem em absoluto as incertezas que tínhamos em 2019 dentro do projeto. E, olhando para fora do projeto, consideramos também toda a conjuntura atual do setor de óleo e gás, porque tem uma incerteza muito grande com relação ao preço do [petróleo] Brent. As empresas estão em um momento de transição energética. Tudo isso foi ponderado. Fizemos o melhor possível”, afirmou Eustáquio.
Além da definição prévia do valor de compensação a ser pago pelos futuros vencedores pelos investimentos já realizados pela Petrobras nas duas áreas, o governo reduziu em cerca de 70% o valor do bônus de assinatura a ser pago, estabelecendo R$ 7,1 bilhões para Sépia e R$ 4 bilhões para Atapu.
O segundo leilão do excedente da cessão onerosa é a principal aposta do governo para o setor de óleo e gás em 2021. A importância dada pelo Planalto para o tema é refletida na equipe enviada à OTC deste ano. Além de Albuquerque e Eustáquio, integraram a comitiva brasileira o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis da pasta, José Mauro Coelho, o presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, três diretores da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) – entre eles o diretor-geral da autarquia, Rodolfo Saboia -, e o presidente da Pré-sal Petróleo (PPSA), Eduardo Gerk, entre outros.
“Uma equipe grande do governo veio aqui [na OTC]”, disse à MegaWhat uma fonte do setor petrolífero, em condição de anonimato.
Transição energética
Nos Estados Unidos, o ministro também se reuniu com o secretário adjunto de energia do governo norte-americano, David Turk, em Washington. No encontro, foram discutidos temas como transição energética, fontes renováveis de energia, biocombustíveis, entre outros.
Ainda na capital norte-americana, Eustáquio participou de um encontro com representantes de 23 empresas, entre elas AES, Petronas, ExxonMobil, TotalEnergies, Rio Tinto, BHP Billiton e Boeing. Na reunião foram apresentados alguns programas do governo brasileiro, como o Combustível do Futuro, o Renovabio, o Programa Nuclear Brasileiro e o Programa Nacional do Hidrogênio.
“Mostramos o que já foi feito e o que vem pela frente”, destacou o secretário. “Obviamente, para que sejam alcançados todos os resultados, do ponto de vista de crescimento econômico e de oferta de energia, para lidar com isso, se farão necessários algo em torno de US$ 527 bilhões de investimentos”, completou o secretário.
Veja também:
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