O plano de recuperação judicial da Light S.A. permitirá à companhia reduzir sua alavancagem líquida para entre 1,5 vez e 3,5 vezes ao longo de 2024-2027, dependendo dos novos limites para perdas de energia e investimentos.
A análise é da agência de classificação de riscos Fitch Ratings, que considera a aprovação do plano pelos credores em maio, com aporte de capital de R$ 1 bilhão pelos acionistas de referência e a conversão de R$ 2,2 bilhões de dívida em ações.
A Fitch estima que a alavancagem líquida do grupo fique em torno de 2,9 vezes em 2024-2027, ante a 6,5 vezes em março de 2024.
As principais premissas para a distribuidora Light Serviços de Eletricidade S.A. neste cenário incluem investimentos anuais em torno de R$ 1,3 bilhão, perdas regulatórias em torno de 41% de seu mercado de referência e nenhum crescimento significativo de mercado.
“A agência entende que as perdas regulatórias são a variável mais importante, e o cenário base considera alguma flexibilização em relação aos níveis atuais, em torno de 38%. A Fitch não espera significativa redução nas perdas efetivas, atualmente em torno de 65%”, diz trecho do relatório.
No entanto, caso a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aceite a proposta da Light Sesa, com novos limites em torno de 47%, essa alteração, sozinha, poderia reduzir a alavancagem líquida do grupo para cerca de 2,2 vezes no mesmo período. As projeções da Fitch incluem dívida off-balance de R$ 700 milhões relacionada a garantias prestadas a empresas não consolidadas (Norte Energia S.A.).
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Metas mais rígidas
Em sua avaliação, a Fitch considera que a distribuidora Light apresenta, em média, bons indicadores de qualidade, mas precisará melhorar a uniformização das métricas na área de concessão.
No período de 12 meses encerrado em março de 2024, a agência de classificação aponta que 60% dos 109 conjuntos da concessão não estavam em conformidade com os limites regulatórios. Dessa forma, novos contratos de concessão estabelecerão meta de 80% de enquadramento dos conjuntos até 2026, o que exigirá mais investimentos e custos operacionais, e o não cumprimento poderá levar à caducidade desses contratos.