Desde 2023

Justiça manda Eletrobras anular mudança que tirou funcionários do conselho

A Eletrobras, que foi privatizada em 2022 e mudou estatuto em 2023, disse que vai recorrer da decisão do TRT-RJ.

Prédio Eletrobras
Eletrobras fechou recentemente um acordo com a União, que desistiu de questionar a privatização no STF em troca de assentos no conselho.

O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-RJ) determinou a suspensão de mudanças no estatuto social da Eletrobras que retiraram a garantia de uma vaga no conselho de administração da empresa destinada aos funcionários da antiga estatal sem uma negociação coletiva prévia.

A decisão liminar, tomada por unanimidade pela 10ª Turma do TRT-RJ, foi publicada no dia 19 de maio, e determinou a convocação imediata de novas eleições para o cargo de representante dos empregados no conselho de administração, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Procurada, a Eletrobras disse que vai recorrer.

A alteração no estatuto social, com a extinção da cadeira destinada aos funcionários, aconteceu em abril de 2023, quando os acionistas votaram a favor da proposta da administração em assembleia geral extraordinária (AGE).

Antes desta AGE, o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro e Região (Sintergia-RJ) ajuizou a ação contra a alteração, a fim de manter o espaço garantido por acordos coletivos assinados antes da privatização, realizada em 2022.

Na ação, o Sintergia-RJ alega que a exclusão da aga viola o compromisso firmado por meio de acordo coletivo. O pedido de liminar foi indeferido pelo juiz da primeira instância, mas a 10ª Turma do TRT-RJ reformou a sentença na decisão desta semana, ao deferir a liminar anulando as mudanças passadas.

Privatização da Eletrobras e impactos

A Eletrobras foi privatizada em 2022, por meio de uma capitalização, na qual o governo teve sua fatia na empresa diluida para menos de 50%. Na operação, a companhia garantiu a renovação das suas concessões de geração, adicionando R$ 67 bilhões aos seus ativos. Em contrapartida, pagou R$ 25 bilhões em bônus de outorga, e se comprometeu ainda com mais de R$ 30 bilhões a serem aportados na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) até 2047.

Para garantir que a empresa não tenha mais interferência política, foi instituído um limite de 10% ao poder de voto de todos os acionistas, mantendo a Eletrobras como uma empresa de capital diluído, sem controlador.

Em 2023, o governo Lula questionou a lei da privatização da Eletrobras no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a alegação de que a trava de 10% no direito a voto era inconstitucional.

Depois de mais de um ano de negociações, a União e a Eletrobras chegaram a um acordo, em que a União garantiu três das 10 cadeiras do conselho de administração da empresa, que se livrou, por sua vez, da obrigação de investir em Angra 3.