
A ISA Energia, que inaugurou em 2022 um sistema pioneiro de armazenamento de energia em larga escala no setor de transmissão, avalia que o primeiro leilão de baterias do país não deve acontecer antes de 2026, apesar de o Ministério de Minas e Energia ter prometido a portaria do certame para maio.
“O que deve vir primeiro é o leilão de reserva de capacidade voltado a hidrelétricas e térmicas, que está sendo postergado e temos expectativa que aconteça esse ano, mais para o fim do ano. Com isso, a gente acredita que o de baterias acaba ficando mais para 2026”, disse a diretora de Finanças e Relações com Investidores da empresa, Silvia Diniz Wada.
Até lá, a empresa planeja continuar aperfeiçoando o sistema que tem em Registro, no estado de São Paulo, e que atua nos picos de consumo do litoral sul do estado. Segundo o diretor de Operações, Bruno Isolani, o sistema foi acionado todos os dias durante o carnaval deste ano, quando a região tem uma sazonalidade de 6 milhões de pessoas. “Cada passo nessa evolução posiciona a ISA Energia Brasil como um player sólido e competitivo no segmento de armazenamento de energia”, conclui.
Energização antecipada de novos projetos
Para 2025, a ISA Energia espera energizar dois novos projetos: Riacho Grande e Água Vermelha. O primeiro foi arrematado no leilão 1/2020 e tem prazo regulamentar de operação para março de 2026, com receita anual permitida (RAP) de 88,4 milhões. O projeto já recebeu R$ 689 milhões em investimentos da ISA Energia, dos quais R$ 158,6 milhões aconteceram no primeiro trimestre de 2025.
Já Água Vermelha foi arrematado no leilão 1/2023 e tem prazo regulamentar de operação para setembro de 2026, com RAP de R$ 8 milhões. O total de investimentos da companhia no projeto já alcança R$ 71,1 milhões.
Resultados
No primeiro trimestre de 2025, a ISA Energia reportou lucro líquido regulatório de R$ 337,4 milhões, montante 17,6% menor do que o reportado no mesmo período do ano anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) regulatório foi de R$ 923,3 milhões no trimestre, com crescimento de 2,3% na base anual.
O resultado regulatório é considerado pelas empresas de transmissão e pelos analistas de mercado como mais aderente ao retrato financeiro atual do segmento. Nesse tipo de contabilização, a receita representa os recebimentos da companhia, refletindo no seu fluxo de caixa, e os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo imobilizado.
As transmissoras também reportam os resultados financeiros de acordo com as regras contábeis internacionais, conhecidas pela sigla em inglês IFRS. Nessa contabilização, os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo financeiro. A distribuição de proventos aos acionistas leva em conta o IFRS. Assim, o lucro líquido IFRS da ISA Energia no primeiro trimestre de 2025 foi de R$ 713,2 milhões, com aumento de 10,9% em um ano. O Ebitda IFRS cresceu 17,7% na base anual e alcançou R$ 1,1 bilhão no período. Segundo a empresa, entre os efeitos que impactaram o lucro estão o aumento de R$ 10 milhões no custo com desativação e alienação de bens; a depreciação, que aumentas conforme novos projetos são energizados; e maiores despesas financeiras líquidas como resultado do endividamento para dar suporte ao crescimento da companhia.