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Leilão de capacidade deve atrair entre 1 GW e 2 GW de novos projetos, avalia Wärtsilä 

Empresa avalia que edital deve contratar entre 6 GW e 7 GW para compensar déficit do sistema

Térmica Povoação Energia, que teve contrato de Engenharia, Compras e Construção (EPC, na sigla em inglês com a Wärtsilä
default | Wärtsilä

A fabricante de equipamentos para usinas térmicas Wärtsilä avalia que o leilão de oferta de capacidade, que é esperado desde 2023, deverá contratar entre 6 GW e 7 GW em geração firme. Ainda que boa parte deste total seja suprido por usinas existentes, a companhia avalia que entre 1 GW e 2 GW devem ser supridos por novos projetos.

“Esperamos muita capacidade contratada para prover o gap de 2022, 2023 e 2024”, dizem os diretores Jorge Alcaide, responsável pela operação da companhia no Brasil, e Gabriel Cavados, diretor de Projetos da empresa. “A cada vez que você cresce vento e sol no sistema, você precisa contratar uma fraçãozinha de geração flexível. Você pode deixar de fazer durante um ano, mas no ano seguinte você vai ter que contratar um pouquinho mais”, explica Cavados.

Para eles, a maior parte da demanda para o leilão deve ser atendida por usinas que estão terminando seus contratos – mais de 7 GW serão descontratados no país até 2026, segundo o Plano da Operação Energética 2023/2027, elaborado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A lógica é que usinas existentes já tiveram sua implementação amortizada, e por isso têm custo de geração mais baixo.

Entretanto, nem todas as usinas a serem descontratadas devem oferecer lances, e vem dessa diferença a projeção de 1 GW a 2 GW em novos projetos. “A gente tem uma lista de projetos interessantes, economicamente viáveis, com uma competitividade bastante elevada. Então, a gente acredita que vai ter pequeno pedaço dessa oportunidade de negócio”, explica Alcaide.

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Assim, com uma grande contratação das usinas existentes neste leilão, os executivos projetam que os próximos certames deverão ser atendidos em sua maior parte por novos projetos. Até 2034, a Wärtsilä avalia que o sistema precisará de cerca de 12 GW em geração flexível.

Conversão de óleo para gás

Além de plantas greenfield, outra oportunidade estaria na conversão de usinas a óleo para gás – esta movimentação dependeria, entretanto, das regras do edital. “Logicamente que o investimento é algo que os geradores tentam evitar se a regra permitir. Então, se eles puderem participar do leilão com o tipo de solução que já possuem, eles vão seguir esse caminho”, diz o gerente de Desenvolvimento de Negócios, Carlos Gonzales.

A conversão pode ocorrer se houver incentivos para tanto, como contratos mais longos para usinas a gás. “Se você tem uma viabilidade econômica em função do tempo do PPA para mudar o combustível, ótimo. As pessoas querem mudar. Se você tem um PPA muito curto, talvez não valha trocar porque você não consegue ter o retorno do teu investimento”, complementa Alcaide.

Junto com o investimento, outra sensibilidade para a conversão para o gás está na disponibilidade da molécula. Carlos Gonzales explica que esta é uma questão que depende da localização de cada usina, e que aquelas mais distantes da malha podem precisar do gás natural liquefeito (GNL), e o custo de transporte da molécula pode tornar o projeto menos competitivo.

Custo do net zero

A diretoria da Wärtsilä recebeu a imprensa nesta terça-feira, 17 de dezembro, para o lançamento do estudo “Desafios no caminho para o net zero”, que avalia os custos para alcançar as emissões zero entre 2025 e 2050 pela via exclusivamente eólica e solar com armazenamento de energia, em comparação com um sistema que inclua também geração flexível abastecida a combustíveis renováveis.

A modelagem da Wärtsilä mostrou que o caminho que inclui usinas flexíveis apresenta economia de 65 trilhões de euros, equivalente a uma redução de 42% nos custos totais do sistema elétrico futuro. Além disso, o mix de fontes de energia ocupa metade do espaço em uso da terra – suprir a demanda global de energia apenas com solares e eólicas demandaria ocupar uma área equivalente ao tamanho da Europa em usinas, segundo o levantamento da Wärtsilä.

O modelo com usinas flexíveis também apresenta uma redução mais rápida das emissões. Assim, alcança uma redução de emissões acumulada de quase 21% até 2050 em comparação com o outro cenário, equivalente a mais de 1,5 anos das emissões atuais do setor de energia global.