A administração da Light está trabalhando junto das comunidades consideradas “áreas especiais” da sua concessão para orientar e normalizar as conexões à rede, como parte da sua estratégia de reduzir as perdas relativas a furtos e fraude de energia, os chamados gatos.
Ao fim de 2021, as perdas totais nas áreas especiais acumuladas em 12 meses representavam 78,8% da carga total, abaixo do patamar de dezembro de 2020, de 80,6%, ao passo em que as perdas em áreas convencionais subiram de 14,2% para 17,5%.
O diálogo com as comunidades é combinado à iniciativas como a blindagem de redes. Durante a apresentação dos resultados do quarto trimestre do ano, os executivos da companhia apresentaram um caso em um condomínio de 5 mil moradores São João do Meriti, na Baixada Fluminense, no qual a instalação da blindagem da rede reduziu as perdas totais, antes em 61%, a 0,55%.
A companhia foi chamada depois que o condomínio passou 19 dias sem energia elétrica, devido a uma tentativa, sem sucesso, de violação do novo sistema de proteção das unidades consumidoras da rede.
“Naquele caso, foi a milícia que nos chamou para normalizar [a conexão], mas não é apenas normalizar. Estamos fazendo uma série de trabalhos juntos”, disse Nonato de Castro, presidente da Light, durante a teleconferência de resultados do quarto trimestre.
Ele explicou que o trabalho passa por iniciar a cobrança com uma tarifa mais baixa, para que os moradores percebam como está o consumo e possa ser desenvolvida um relacionamento entre a companhia e a comunidade.
“Temos uma série de ações em conjunto, fazemos reuniões com as associações, com os líderes”, explicou o executivo. “O governo do estado também entra em algumas áreas nos apoiando, está voltando para as comunidades e vendo o trabalho”, completou. A instalação da blindagem é um passo, mas está combinada com ações sociais da companhia.
Mudanças no comando
Na teleconferência, o então presidente do conselho da Light, Firmino Sampaio, fez uma mensagem sobre o trabalho conduzido na companhia nos últimos 18 meses, mas explicou que, com 76 anos e 60 deles trabalhando, “chegou a hora de parar.”
“Mas isso não significa afastamento do dia a dia da Light, estarei ao lado da diretoria, ao lado do novo presidente do conselho, para continuar dando o apoio possível, dentro das minhas possibilidades”, afirmou.
A presidência do conselho será assumida por Wilson Poit, que falou que seu trabalho será conduzido com o intuito de orientar e guiar a Light “para o futuro, novas receitas, novos negócios.”
Resultados
A Light obteve lucro líquido de R$ 72,5 milhões no quarto trimestre do ano, retração de 83,3% na comparação com o mesmo período de 2020, afetado por eventos não recorrentes, como reversão de provisões e impactos do GSF sobre seu braço de geração de energia
A receita operacional líquida da companhia caiu 7,7%, a R$ 3,77 bilhões. O mercado faturado da companhia recuou 7,9% no trimestre, para 6.131 GWh, devido ao efeito combinado da recuperação lenta da economia na área de concessão ao longo do ano, e das temperaturas médias historicamente baixas verificadas. Considerando os consumidores cativos, houve queda de 14,7% na carga no trimestre, também refletindo o Programa de Redução de Consumo do governo.
O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado caiu 46,8%, a R$ 690,2 milhões.
Segundo o BTG Pactual, os resultados da Light vieram melhores que o esperado, com a redução de despesas na distribuidora, apesar da geradora ainda ter sofrido com os efeitos da crise hídrica e do aumento dos custos com compra de energia.