O diretor-presidente brasileiro de Itaipu Binacional, Enio Verri, participou de reunião da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados e falou sobre as expectativas e prazos para a negociação do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as diretrizes para a venda de energia da hidrelétrica de 14 mil MW.
Verri disse que a modicidade tarifária é um tema muito sério e que a comissão precisa avançar. Mas que Itaipu, com apenas 9% da produção de energia do país, mesmo com redução nos preços das tarifas em 20%, vai conseguir refletir em pouco mais 1% nas contas de luz dos consumidores
“Claro que a Itaipu está cumprindo seu papel, pode ser melhor depois do Anexo C, mas é preciso que o debate da modicidade seja ampliado para o conjunto do setor. Itaipu deve ser cobrada, é uma empresa pública, estamos aqui para prestar contas à sociedade, mas somos muito pequenos nesse resultado”, disse o diretor-presidente brasileiro.
Ele também contou sobre as dificuldades de negociação dentro da empresa, com a concordância dos diretores de ambos os países. Qualquer antecipação pode gerar conflitos, uma vez que o que não é consumido pelo Paraguai é vendido a um preço fixo obrigatoriamente ao Brasil, independentemente de melhores margens que podem ser obtidas com outras negociações.
Entre os ruídos, ele destacou a antecipação de um anúncio pelo lado brasileiro da tarifa de US$ 12,67/MWh no final de 2022 e sem a concordância do lado paraguaio. Tal anúncio teria dificultado a negociação da tarifa, que levou quatro meses, e foi fixada em US$ 16,71/kW para 2023.
“A negociação tem que ser muito delicada e não pode ter ruído pelo impacto negativo que isso causa para a economia do país”, falou Enio Verri.
A negociação do Anexo C do Tratado será iniciada depois de agosto, segundo Verri, seguindo para a aprovação dos presidentes da república do Brasil e Paraguai. E se os dois presidentes aprovarem, tem que passar pelos congressos.
“Tem uma usina pequena [3.200 MW] em Yacyretá, que é uma usina Paraguai – Argentina. Sabe quando eles fecharam o acordo? Em 2014 e até agora os respectivos congressos não aprovaram. Portanto, de maneira geral, esse é o desenho do que é Itaipu, do que representa para o Brasil, e ela é estratégica com um papel num país que se industrializa cada vez mais”, disse.