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Neoenergia busca amortizar dívida e negocia Termopernambuco e Belo Monte

Fachada de prédio da Neoenergia
Fachada de prédio da Neoenergia/ Divulgação

A Neoenergia pode vender a usina termelétrica Termopernambuco se aparecer uma “proposta interessante”, enquanto segue avançando com outras ações de desinvestimentos de ativos. Segundo CEO da empresa, Eduardo Capelastegui, a empresa tem avaliado oportunidades para melhorar sua alocação de capital, principalmente para conseguir amortizar sua dívida em meio ao cenário de juros altos.

Em teleconferência para apresentação de resultados do último trimestre, Capelastegui afirmou que a Neoenergia “não tem pressa” na venda da Termopernambuco, por conta dos quase R$ 100 milhões por ano em fluxo de caixa gerados pela usina depois da antecipação do contrato em dois anos.

A antecipação aconteceu em 2024 em um contexto de ações do governo para garantir o atendimento à ponta da carga. Cálculos da empresa indicam que o movimento pode gerar cerca de R$ 500 milhões em recursos, dependendo do volume dos despachos.

À espera da oportunidade, a empresa pretende negociar a venda e participação em ativos de transmissão para o GIC, Fundo Soberano de Cingapur, conforme os projetos forem concluídos. A companhia também tem buscado um comprador para sua participação na hidrelétrica de Belo Monte.

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“Seguimos tentando, não são operações de vendas simples, porém não desistimos. Estamos vendo as oportunidades. Termopernambuco é um ativo que queremos vender, mas também não temos pressa”, disse o executivo.

As vendas fazem parte da estratégia da empresa para melhorar sua alocação de capital. No início de fevereiro, a companhia fechou um acordo para venda da sua participação de 70% na hidrelétrica Baixo Iguaçu, de 350 MW de potência, para a EDF Brasil Holding, num negócio em que o ativo foi avaliado em R$ 1,43 bilhão. De acordo com o CEO da Neoenergia, o valor será alocado para amortização da dívida da empresa, que somou R$ 43,220 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 10% na relação anual.

Concessões das distribuidoras da Neoenergia

Com investimentos expressivos no braço de distribuição, a empresa espera um texto definitivo para deliberação do processo de renovação das concessões até o final de fevereiro.

No ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publicou uma consulta pública de 47 dias sobre o tema e que tratou da prerrogativa de que as empresas que assinarem o termo deverão renunciar a todas as demandas judiciais – ponto este criticado novamente por Capelastegui na teleconferência de hoje, por limitar o direto à defesa das companhias.

“Uma vez que a Aneel deliberar o texto, nós temos um mês para manifestar nosso interesse. A partir disso, a Aneel tem mais mês para receber os pedidos e passar para o Ministério [de Minas e Energia]. Se tudo caminhar bem, no final do primeiro semestre deste ano podemos ter a finalização deste processo”, declarou o executivo.

Entre 2025 e 2031, 19 concessionárias de distribuição deverão passar pelo processo de prorrogação, com o término dos contratos. A primeira da lista, em julho de 2025, é a EDP Espírito Santo, que já indicou a intenção de prorrogar a concessão. Da Neoenergia, a primeira concessão a vencer será da Coelba, na Bahia, em agosto de 2027.

Compra de ações

Nesta segunda-feira, 17 de fevereiro, o conselho de administração aprovou a aquisição complementar de 248,4 mil ações de emissão da companhia para fins de atendimento de obrigações de entrega de ações a executivos, assumidas no âmbito de seu Programa de Incentivo de Longo Prazo, aprovado na Assembleia Geral Extraordinária realizada em 20 de abril de 2020.

Mudanças na diretoria

A Neoenergia também aprovou mudanças na diretoria para “simplificação” de processos, a fim de garantir uma estrutura ainda mais eficiente. Com o aval, a diretoria-executiva de Redes e de Renováveis foram extintas e suas atribuições integradas à diretoria executiva de Operações, já sob a liderança de Giancarlo Vassão de Souza.

A diretoria-executiva de Liberalizados passa a chamar diretoria Comercial e será assumida por David Benavent del Prado.

Resultados do 4T2024 da Neoenergia

A Neoenergia registrou lucro líquido de R$ 852 milhões no quarto trimestre de 2024, redução de 12% em relação ao mesmo período de 2023.

Por outro lado, a receita operacional líquida somou R$ 12,844 bilhões, aumento anual de 15%. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebida, da sigla em inglês) foi de R$ 3,077 bilhões, elevação da 8%

A dívida líquida somou R$ 43,220 bilhões, alta de 10%, justificada pela execução de investimentos dos projetos de redes. Segundo a empresa, 87% do endividamento é de longo prazo e 13% com vencimento no curto prazo.

A alavancagem, medida pela razão entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado, passou de 3,17 vezes para 3,45 vezes, incremento de 0,28 vez.

Os investimentos totais da companhia no trimestre foram de R$ 3,042 bilhões, aumento de 26% em relação ao mesmo intervalo de 2023. Já no acumulado dos 12 meses, os aportes somaram R$ 9,811 bilhões, aumento de 10%.

Concentração da dívida

Em 2025, as maiores amortizações da companhia são referentes a Neoenergia Coelba, no valor estimado de R$ 2.248 milhões; a Neoenergia Pernambuco, no montante estimado de R$ 1.368 milhões; e a Neoenergia Elektro, no montante de R$ 940 milhões. A soma dos vencimentos dessas distribuidoras equivale a 75% do volume consolidado a amortizar neste período.

Em 2026, as maiores concentrações de pagamento de dívida são referentes à Neoenergia Coelba, no valor de R$ 2.179 milhões; a Neoenergia Pernambuco, em R$ 1.006 milhões; a Neoenergia Elektro, de R$ 870 milhões; e a Neoenergia Brasília, no valor estimado de R$ 650 milhões. A soma dos vencimentos dessas distribuidoras equivale a 80% do volume consolidado a amortizar neste período.

Operacional

A energia distribuída (cativo + livre + geração distribuída ) foi de 19.353 GWh no período, alta de 2% na comparação anual. Já a energia injetada total, incluindo a geração distribuída, foi de 22.635 GWh, alta de 2,1%, devido as maiores temperaturas do período.

Curtailment

Na etapa, a energia eólica e solar gerada pela empresa foi de 1.426 GWh, em linha com o 4T23. Segundo a empresa, o impacto dos cortes de geração, conhecidos como  curtailment, apresentou alta de 7% na etapa.