A Neoenergia não vê, no momento, oportunidades de investimentos em renováveis e em transmissão e focará no crescimento orgânico da área de distribuição até 2026. Segundo o CEO da companhia, Eduardo Capelastegui, um demonstrativo da estratégia de redução da alavancagem traçada é a venda do projeto de transmissão Itabapoana para o GIC, fundo soberano de Singapura, num negócio avaliado em R$ 127,5 milhões.
Em teleconferência com investidores para apresentação de resultados do primeiro trimestre de 2025, Capelastegui destacou que a dívida líquida de Itabapoana no valor de R$ 577 milhões, data base setembro de 2024, já se encontra desconsolidada, uma vez que, em dezembro de 2024, o ativo já havia sido classificado como não circulante, mantido para venda.
A venda é a primeira operação realizada após a assinatura do acordo de desenvolvimento firmado entre a Neoenergia e o GIC em abril de 2023, que concedeu ao fundo o direito de primeira oferta em relação à potencial venda futura de 50% de participação nos ativos de transmissão em construção. Para a companhia, a venda reforça a estratégia de rotação de ativos com foco na otimização de portfólio com geração de valor, seguindo a disciplina de capital.
“O GIC continua com o direito de primeira oferta para os ativos construção e, na medida que os ativos entram em operação, se inicia um processo de avaliação caso a caso”, destacou.
Foco em Distribuição e Desinvestimentos
Capelastegui afirmou que 2025 marca o último ano de investimentos em transmissão, com a entrega dos últimos quatro lotes arrematados. A partir de 2026, a Neoenergia direcionará seus recursos para o crescimento orgânico das distribuidoras, visando acelerar o processo de desalavancagem.
“Estamos visualizando um cenário no qual os desinvestimentos contribuirão para a redução gradual do endividamento. Após isso, será o momento de avaliar novas oportunidades”, disse o CEO.
No setor de energia renovável, o executivo destacou que o segmento enfrenta desafios relacionados à diferença de preços entre submercados, o que limita novas alocações de capital nesse momento.
Despacho de Térmica
Sobre a expectativa de despacho da UTE Termopernambuco após antecipação do contrato, o CEO informou que espera estabilidade nos reservatórios nos próximos meses, resultando em despachos “pouco relevantes” do projeto. No primeiro trimestre deste ano, o despacho da UTE Termopernambuco foi de 3%, gerando 15 GWh – abaixo dos 61 GWh do mesmo trimestre do ano anterior.
“Nos últimos 25 anos, o Brasil teve três anos de tranquilidade e depois aparece um ano em precisamos despachar por sete meses. Ela é uma planta que hoje não nos dá nenhuma dor de cabeça, que está contratada, e estamos esperando que chegue esse despacho”, disse.
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Neoenergia no 1T2025
A companhia registrou lucro líquido de R$ 1 bilhão no primeiro trimestre deste ano, redução de 11% em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com a Neoenergia, o desempenho foi afetado pelo resultado financeiro negativo de R$ 1,561 bilhão na fase (vs. -R$ 1,293 bilhão no 1T24), em função do aumento do saldo médio da dívida, devido às captações direcionadas para capex de transmissão e distribuição, e maior CDI (47% da dívida da companhia está atrelado a esse índice).
Por outro lado, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, da sigla em inglês) ajustado alcançou R$ 3,717 bilhões, alta de 6%.
Também houve crescimento de 4% na receita operacional líquida, que alcançou R$ 11,425 bilhões.
A dívida líquida da Neoenergia alcançou R$ 44,424 bilhões, elevação de 3%, explicado pela empresa pela execução de capex dos projetos de redes.
A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, ficou em 3,49 vezes, crescimento de 0,04 vez.
Operacional
Dentro das suas cinco distribuidoras, a companhia alcançou 22.903 GWh de energia injetada, incluindo a geração distribuída (GD), com crescimento de 3,6% na mesma base de relação. As distribuidoras da Neoenergia encerraram a etapa com 16,7 milhões de consumidores ativos, alta de 1,8%.
O montante de energia distribuída, que considera a GD e os mercados livre e cativo, foi de 19.354 GWh, elevação de 2,3%, devido a maior base de clientes e menor volume de chuvas nas distribuidoras do Nordeste, segundo informações da companhia.
Na área de geração, a energia eólica e solar do período somou 1.033 GWh, alta de 23%. O impacto dos cortes de geração (curtailment) foi de 8% da energia gerada. A companhia possui 44 parques eólicos em operação, com capacidade instalada de 1.554 MW e dois parques solares (Complexo Solar Luzia), com capacidade instalada de 149 MWp.