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Engie enxerga novos projetos de geração eólica a R$ 210/MWh no longo prazo

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O aumento do custo dos projetos de geração eólica já tem se refletido em maiores preços nos contratos. Segundo Eduardo Sattamini, presidente da Engie Brasil Energia, o custo marginal de um novo empreendimento eólico está na faixa de R$ 210/MWh no longo prazo, patamar que varia ligeiramente para cima ou para baixo a depender da taxa de retorno exigida pelo investidor.

“A tendência para o mercado é que, no médio e longo prazo, os preços sejam determinados pelo Custo Marginal de Expansão da ordem de R$ 210/MWh”, disse Sattamini, durante teleconferência sobre os resultados da companhia  no segundo trimestre do ano.

No curto prazo, a hidrologia favorável está ajudando a manter os preços em patamares mais baixos, principalmente depois da crise hídrica vista nos últimos anos. Além disso, há um estoque de projetos de geração existentes com custos mais baixos. “Mas isso tende a acabar. Os preços de eólica devem ser aqueles que vão determinar os preços de energia no futuro”, disse.

O executivo lembrou que a partir de 2026, o desconto na transmissão da energia pra fontes incentivadas vai acabar, por uma regra estabelecida pela Lei 14.120/2021. “Isso levará o preço marginal da expansão a ser o de mercado, de forma geral”, afirmou. 

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A Engie vê grande potencial para novos empreendimentos de renováveis nos próximos anos, com a demanda de novos consumidores livres que migrarão, inclusive os de pequeno porte. “Vamos encher esse vazio [na carteira] com os grãozinhos pequenos ao longo dos próximos anos com uma forte atividade comercial, e, para isso, teremos investimento forte em digitalização da força comercial”, disse.

Expansão da geração

A companhia tem 3,5 GW na carteira para serem desenvolvidos nos próximos anos, sendo 1,6 GW da fonte eólica e cerca de 1,8 GW em projetos de geração solar fotovoltaica. No segundo trimestre do ano, foi concluída a aquisição do Conjunto Eólico Serra do Assuruá, que terá 880 MW.

No momento, está sendo construída a fase I do Conjunto Eólico Santo Agostinho, que terá 434 MW de potência e deve entrar em operação no último trimestre deste ano. 

Segundo Sattamini, a energia de Assuruá vai entrar no portfólio da Engie e ser vendida ao mercado “no momento adequado”. Como os preços estão baixos no curto prazo, a companhia não tem pressa para fechar os contratos de longo prazo. “Diferentemente de muitos players que precisam vender porque não tem caixa suficiente, temos uma característica diferente, um grande portfólio de energia, grande volume de clientes, e conseguimos atender”, disse o executivo.

De olho nesses novos investimentos, a Engie decidiu reduzir o percentual do lucro distribuído aos investidores na forma de dividendos, de 100% para 55% neste trimestre. O montante a ser pago soma R$ 578 milhões, equivalentes a R$ 0,70 por ação.

“Observamos oportunidades de geração de crescimento no futuro e por isso tomamos a decisão nesse semestre de rever um pouco os dividendos, dentro da nossa decisão de sermos conservadores quando tivermos a decisão de investimento”, disse Sattamini. A companhia pode decidir investir na construção de Assuruá ou outro projeto. 

A intenção com a retenção de parte do lucro no caixa é garantir recursos para investimentos no crescimento da companhia, em meio ao aumento das taxas de juros, que encarecem financiamentos. “A medida em que eu chego no meu patamar de endividamento ótimo, tenho que medir volume de investimento, para manter crescimento e distribuição de dividendos”, afirmou Sattamini. Ao fim de junho, a relação entre dívida líquida e Ebitda da Engie estava em 2,1 vezes.

Incorporação de Jirau

A incorporação da hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira (RO), pode acontecer a partir de 2023, com a melhora da situação financeira da Energia Sustentável do Brasil (ESB), concessionária da usina. 

Segundo Sattamini, a partir de julho de 2023, a tarifa de transmissão de Jirau, que ficou congelada por 10 anos, deve ter uma redução da ordem de 30%. Com isso, a despesa que hoje é de cerca de R$ 1,1 bilhão por ano deve cair em aproximadamente R$ 330 milhões.

“Isso deve equilibrar financeiramente a operação da companhia e talvez seja o momento em que o controlador vai trazer a incorporação para avaliação”, disse Sattamini. Ele lembrou que desde o começo da construção da usina a ideia era incorporá-la nas operações da Engie, mas os desafios enfrentados, como atrasos, aumentos de custos e a crise hídrica, fizeram com que o controlador se preocupasse com a possibilidade de “trazer um problema” para a companhia. “O problema se resolvendo, vamos começar a avaliar a transferência de forma profissional, competente e isenta”, afirmou.

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