A Omega Energia comemorou o bom resultado por meio de sua comercializadora durante teleconferência com analistas nesta sexta-feira, 25 de fevereiro. O braço de comercialização capitalizou, além das operações da “mesa”, com compra e venda de energia de suas renováveis, com clientes menores, via plataforma digital, e com a venda de créditos de carbono, que alcançou a venda de 22 milhões de contratos.
“A gente teve um avanço muito bom na iniciativa de engajamento de clientes menores via plataforma digital, chegando a algumas dezenas de contratos mensalmente, de 0,5 MW, num prazo longo, de mais de quatro anos, disse Antonio Bastos, CEO da empresa.
Segundo ele, foram incorporados R$ 100 milhões aos negócios da companhia apenas pela comercializadora. “Estamos bem otimistas que é um caminho que vai dar bons frutos”.
Para deslanchar no que chamou de mercado com “potencial multimilionário”, o Brasil precisaria avançar na regulação do negócio de carbono, e que precifique corretamente essa vantagem que tem frente a outros países: enquanto aqui funcionaria como um neutralizador das emissões do setor elétrico, no exterior, ele mitigaria de forma mais efetiva as emissões.
Com a fusão com a Omega Desenvolvimento, o próximo passo deverá ser o aumento da estrutura de capital de investimentos, e entrar no segmento de autoprodução de energia. “Com a companhia sólida, vamos perseguir esse modelo que faz muito sentido para alguns clientes”, disse Bastos.
Apesar de declarar não concordar com a política de conteúdo nacional, “que acabam onerando a energia e impactam todo mundo”, entende que o setor eólico foi beneficiado por essa cadeia nacional, nesse momento de crise econômica e pandemia do covid-19.
“Ter uma cadeia de turbina eólica no Brasil, com políticas do passado, ajuda a eólica a ter menos restrições de supply chain do que a solar, por exemplo, que importa da China e o frete subiu quase cinco vezes”, completou o executivo.
Para o ciclo 2022/2023 a empresa prevê entregar três novos projetos, adicionando 700 MW em seu portfólio e gerar R$ 1,3 bilhão de Ebitda (lucro antes de juros, impostos e amortização) por meio deles.
Os projetos são as eólicas Assuará 4 e Assuará 5, e a usina solar fotovoltaica Morada do Sol. O mais adiantado é a eólica Assuará 4, que está na fase de fundação, mas com todos os contratos, licenças e pareceres prontos. O objetivo é buscar algumas otimizações para antecipar a operação do parque para antes do terceiro trimestre.
Na sequência, a empresa deve começar as obras de via e fundações do Assuará 5. Para os dois parques, a empresa já vendeu PPAs acima do planejamento original, com apenas 15% de sobra de geração para comercialização.
Corrida por outorgas
Sobre o tema, no qual as empresas chegam a ter volumes de acesso de 15 GW, demanda que anual de energia nova que o Brasil possui, o CEO da Omega diz que isso é um “jogo de papel, tem gente tomando muito risco, que vai ter obrigação de entregar, e não vai concluir. Por isso, acho que vai ter uma curva de preço descendente [de projetos de renováveis] conforme o prazo vai passando e essa outorga vai queimando na mão dos desenvolvedores”.
Por enquanto, a empresa não estaria olhando para essa futura depreciação dos papéis, e possui um volume de outorgas e projetos seriam condizentes com seu plano de negócios planejado até 2027.