Depois de investir por quase duas décadas em ativos ligados ao setor de energia, o Pátria deu mais um passo e está lançando uma comercializadora de energia, que terá como diferencial a possibilidade de realizar operações de crédito relacionadas com energia, aproveitando a expertise da gestora.
A Tria Energia recebeu em torno de R$ 120 milhões em investimento, a maior parte vindos da gestora e parte minoritária dos sócios Daniel Lima, Thiago Natacci, Rodrigo Pelizzon e Heloy Rudge. Os quatro executivos são ex-sócios da Targus, comercializadora que foi comprada pela Vibra Energia em novembro de 2020 e mais tarde incorporada à Comerc Energia quando esta teve 50% de seu capital arrematada pela antiga BR Distribuidora.
“Temos a ambição de sermos grandes em comercialização, uma das maiores, com a visão de oferecer produtos diferenciais, flexíveis, e unir a cabeça financeira do Pátria com a expertise de trading dos executivos da empresa”, contou Frederico Sarmento, diretor-geral da área de Infraestrutura e Energia do Pátria Investimentos.
Após a incorporação da Targus pela Comerc, os executivos ficaram com uma fatia da companhia e permaneceram lá como sócios até setembro de 2023.
Foi durante o período de quarentena que surgiu a vontade de empreender novamente, contou Natacci, para quem a parceira com o Pátria “tem tudo a ver”, devido ao histórico da gestora em construir novos negócios.
Se os sócios vindos da Targus somam cerca de 20 anos de carreira no setor de energia, o Pátria tem um histórico de 18 anos em investimentos em energia, incluindo projetos de geração renovável, térmica e transmissão, que representam um total de aportes de mais de R$ 17 bilhões.
“Nossa ideia é trazer a expertise que construímos ao longo dos anos no mercado com o tema de crédito, que é muito forte no Pátria”, disse Natacci.
Diferentemente de outros investimentos em energia do Pátria, a Tria não recebeu recursos de um fundo, mas sim diretamente da sua gestora, e terá a operação totalmente independente, competindo com outros agentes do mercado.
O “caminho natural” da Tria envolve olhar para produtos financeiros ligados à comercialização de energia, contou Sarmento. Segundo ele, o Pátria olhava a comercialização há algum tempo, por entender que o negócio fazia sentindo no contexto da sua atuação em energia.
A expansão do mercado livre sacramentou a decisão de investir, que foi reforçada ainda pela vontade dos sócios da antiga Targus em voltar a empreender. “A comercializadora já nasce com o produto de crédito associado à energia, além do trading tradicional”, disse Sarmento.
O retorno da perspectiva de volatilidade nos preços de energia, depois de quase dois anos de preços no piso, foi um “presente” de boas-vindas à Tria, contou Natacci.
A ideia de lançar a nova casa, contudo, surgiu “bem antes” desse movimento de mercado, já que se trata de um investimento de longo prazo, o que é reforçado pelo fato de o investimento não ser atrelado a um fundo. “É uma visão estrutural, enxergamos esse mercado como uma grande oportunidade de crescimento e vemos um espaço grande para uma comercializadora como a Tria”, disse Sarmento.