Empresas

Petrobras estuda cinco projetos de energia solar, todos para consumo próprio

Estatal também reafirmou que deve entrar no LRCAP com um total de 3,9 GW, em nove usinas existentes e duas plantas novas

Edifício Edisen, sede da Petrobras no Rio de Janeiro
Edifício Edisen, sede da Petrobras no Rio de Janeiro

A Petrobras revelou que estuda cinco projetos de geração solar. As plantas devem ser voltadas para consumo próprio, como adiantou o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim em entrevista à MegaWhat. A estratégia é usar a geração para descarbonizar as operações de refino da companhia.

“São painéis fotovoltaicos que vão transformar o hidrogênio cinza das nossas refinarias em hidrogênio verde. São cinco projetos que estão na nossa carteira, que vão ser levados a cabo e que já se mostraram vantajosos”, disse a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, a jornalistas nesta terça-feira, 13 de maio.

Segundo Chambriard, os projetos de geração renovável também precisam passar pelo estudo de robustez em cenários adversos, assim como ocorre com os projetos de exploração e produção de óleo e gás na companhia.

“O que nós estamos vendo é que muito provavelmente os projetos de solar e eólica serão direcionados cada vez mais para o nosso consumo próprio. E por isso eles têm o benefício das sinergias do sistema Petrobras e se mostram até o momento lucrativos”, complementou.

LRCAP com 4 GW de potência

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE Minuto Mega Minuto Mega

A Petrobras também reafirmou que deve participar do leilão de reserva de capacidade na forma de potência (LRCAP) com 3,9 GW, em nove usinas existentes e duas usinas novas. As novas plantas devem estar localizadas no Complexo de Energias Boaventura (ex-Comperj e Gaslub), no Rio de Janeiro, cada uma com potência de 400 MW.

“Já inscrevemos [as usinas no leilão]. O leilão foi adiado, e a gente vai inscrever de novo”, disse o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim.

“A gente tem muita expectativa nesse leilão. Ele é muito importante para o país, porque é o que traz segurança. E, é claro, para nós, Petrobras, também, porque nós precisamos que as nossas térmicas sejam remuneradas para que possamos mantê-las contribuindo para o país”, complementou.

Tarifas de transporte de gás

Tolmasquim também comentou sobre como a Petrobras planeja ganhar mais competitividade no mercado de gás natural a partir de um novo cálculo dos custos de transporte para a estatal.

Para calcular as tarifas de transporte, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divide a receita máxima permitida das transportadoras pelo volume esperado de gás na malha. E, segundo Tolmasquim, o volume considerado no cálculo foi superestimado, superior ao que está sendo efetivamente praticado. Com isso, a tarifa ficou mais barata do que deveria ser – e, por força dos contratos assinados na época da privatização da malha de gás, cabe à Petrobras cobrir esta diferença.

“A gente acaba ficando com uma diferença para pagar, que é maior, segundo a nossa visão, do que deveria estar sendo pago”, diz Tolmasquim.

Assim, a estatal tem tentado rever estes cálculos, de forma a pagar o que considera justo pelo transporte e, com isso, ganhar mais competitividade no mercado livre de gás, onde vem perdendo posição. “Em cerca de três anos, com a abertura, nós estamos com 19 supridores no mercado. Ou seja, 19 potenciais competidores”, disse Tolmasquim.

Além da ofensiva por melhores preços no transporte – que a estatal classifica como “mais isonomia” com a concorrência –, a Petrobras tem adotado políticas de preços mais agressivas e diferenciais na negociação, como redução dos volumes para transportadoras em caso de migração de indústrias para o mercado livre.

A companhia também avalia que a operação plena da unidade de processamento de gás natural (UPGN) do Complexo de Energias Boaventura (ex-Comperj e Gaslub), no Rio de Janeiro, deve aumentar seu portfólio de produtos e melhorar seu posicionamento no mercado.

Petrobras e a licença para Foz do Amazonas

A diretoria da Petrobras também comentou suas expectativas para a perfuração na Foz do Amazonas, que aguarda licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A estatal voltou a dizer que já cumpriu todos os requisitos do Ibama e, por isso, espera o sinal verde para perfurar na região.

“Nós respeitamos a institucionalidade do país e acreditamos na racionalidade dessa institucionalidade. Estamos com tudo programado para mover essa sonda para locação. A última exigência do Ibama foi atendida no final de março”, disse Magda Chambriard.

“Estamos entregando para a sociedade o maior plano de emergência individual para uma exploração de petróleo já visto no mundo, de forma que é muito difícil imaginar que uma licença com esse tipo de aparato não vai sair numa região tão carente precisando tanto de desenvolvimento”, complementou a presidente da Petrobras.

Atualmente, a sonda está no Rio de Janeiro, realizando a limpeza de casco obrigatória para todas as embarcações que chegam do exterior. O procedimento deve acabar “nos próximos dias”, segundo a Petrobras, e então a sonda já estaria liberada para seguir para o litoral do Acre – entretanto, precisa da licença do Ibama para isso.

O contrato da Petrobras com a embarcação termina em outubro e, seguindo os trâmites normais, a licença teria que ter sido emitida até abril para que houvesse prazo suficiente para todas as atividades. Entretanto, segundo a Petrobras, se a sonda tiver iniciado a operação dentro do prazo contratual, poderá terminar a atividade mesmo com o contrato vencido.