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Sem conexão com o grid após ‘apagão’ de agosto, Voltalia estima prejuízo de até 10 milhões de euros

A Voltalia anunciou que a usina eólica Canudos, com 99 MW, e a segunda metade da usina solar SSM3-6, que tem capacidade total de geração de 260 MW, estão prontas. Entretanto, ainda não estão injetando energia no grid como reflexo do apagão de 15 de agosto, já que o Operador Nacional do Sistema (ONS) adiou novas conexões ao grid.

Cluster de Serra Branca, no Rio Grande do Norte / Crédito: Voltalia
Cluster de Serra Branca, no Rio Grande do Norte / Crédito: Voltalia

A Voltalia anunciou que a usina eólica Canudos, com 99 MW, e a segunda metade da usina solar SSM3-6, que tem capacidade total de geração de 260 MW, estão prontas. Entretanto, ainda não estão injetando energia no grid como reflexo do apagão de 15 de agosto, já que o Operador Nacional do Sistema (ONS) adiou novas conexões ao grid.

Com isso, a totalidade da geração de Canudos está fora do grid, enquanto SSM3-6 conta com conexão para metade da sua capacidade, que já estava em operação desde julho de 2023. Sébastian Clerc, CEO da companhia, informou durante teleconferência com investidores que as usinas já têm conexão física com o grid, “falta apenas o sinal verde do operador. Temos bom diálogo para conectar as plantas”, garantiu.

As duas usinas têm contratos de venda de longo prazo: 14 anos para Canudos e 20 anos para SSM3-6. Contudo, a falta de conexão destas usinas impede a entrega da energia e deve representar um prejuízo entre 5 milhões de euros e 10 milhões de euros. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira, 27 de setembro, durante teleconferência com investidores sobre os resultados da companhia no primeiro semestre de 2023.

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No primeiro semestre de 2023, a Voltalia reportou prejuízo líquido de 19,4 milhões de euros, montante quatro vezes maior que o prejuízo registrado no primeiro semestre de 2022. Segundo a empresa, o resultado se deve a “sazonalidade na produção de eletricidade nas usinas da Voltalia”.

O Ebitda da companhia cresceu 18% no primeiro semestre de 2023 comparado com o de 2022, atingindo 56 milhões de euros – o Ebitda “normalizado”, que considera a diferença de câmbio entre real e euro, seria de 61 milhões de euros.

A capacidade instalada aumentou 39%, chegando a 1,69 GW enquanto a produção de energia atingiu 1,84 mil GWh, montante 41% superior ao primeiro semestre de 2022. A capacidade em construção também aumentou 5%, e ao final do semestre totalizava 1 GW.

Para 2023, a companhia espera alcançar cerca de 275 milhões de euros de Ebitda normalizado, o que significaria aumentar, entre julho e dezembro, em 4,5 vezes o montante conquistado no primeiro semestre. A Voltalia planeja atingir o resultado a partir de fatores como sazonalidade mais favorável da geração, comissionamento completo de projetos e venda de outros em desenvolvimento. Em relação à geração, a empresa avalia que a diferença na geração eólica no Brasil no segundo semestre é 70% superior à geração no primeiro semestre.

Preços baixos de energia motivam vendas de projetos

Os baixos preços no mercado atacadista de longo prazo brasileiro levaram a Voltalia a vender projetos no país. “Os preços para PPAs de longo prazo não estão correspondendo ao nível que precisamos para justificar o investimento”, disse o CEO da Voltalia, Sébastian Clerc, durante a teleconferência com analistas.

“Outros agentes estão satisfeitos com esses preços baixos, em contratos mais curtos, de menos de 15 anos, o que cria certa vulnerabilidade. Na Voltalia, nossa estratégia é fazer investimentos quando os contratos são grandes o bastante, com preços altos ou com mais visibilidade no longo prazo. Enquanto não temos estas condições, estamos felizes em continuar a desenvolver campos no Brasil e depois vendê-los a players que tenham outras previsões de preços para PPA”, concluiu o CEO.

O líder de Financiamentos e Investimentos da companhia, Yoni Ammar, adiantou que a Voltalia está em negociações avançadas para vender 420 MW em projetos prontos para construção no país. O acordo deve ser fechado até o final de outubro e a negociação indica que a Voltalia irá construir e manter os projetos durante três anos. Estes projetos ainda não tinham PPAs de longo prazo firmados.

A empresa também planeja vender pouco mais de 100 MW em projetos no Brasil e em outros países. Há negociação com 24 possíveis compradores e os acordos devem ser fechados até dezembro. Nestes projetos, a Voltalia também deverá oferecer serviços de construção e manutenção das estruturas.

Ammar mencionou que a estratégia da Voltalia está baseada em PPAs de longo prazo e, como estes projetos ainda não tinham contratos firmados, estavam fora da visão de negócios da empresa. “Estamos reestruturando nosso portfolio e continuamos investindo em PPAs de longo prazo. Como vocês sabem, nossas equipes no Brasil continuam entregando muitos projetos na casa dos GW, e precisamos vendê-los na fase de desenvolvimento para continuarmos sendo geradores de energia”, disse Ammar.

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