Mercado

Serena deve mudar de mãos e sair da bolsa

Eólica da Serena/ Divulgação
Serena hoje tem 2,8 GW em operação em projetos renováveis no Brasil e nos Estados Unidos.

A gestora Actis, maior acionista da Serena, chegou a um acordo com o fundo soberano de Singapura, o GIC, para lançar uma oferta de aquisição de ações (OPA) destinada a fechar o capital da companhia.

A operação terá como preço R$ 11,74 por ação, prêmio de 10% em relação ao valor de fechamento dos papéis da Serena de ontem, de R$ 10,66.

Outros acionistas da Serena também participarão da OPA, incluindo o fundador Antônio Bastos e a gestora Tarpon, que foi a sócia majoritária até a entrada da Actis em 2022. Bastos seguirá como sócio por meio de fundos, enquanto a Tarpon deve se retirar completamente do negócio, vendendo sua fatia de 20,3%.

Com a conclusão da operação, a Actis deve deter 54,3% da Serena, o GIC ficará com 41,76% e o restante continuará com os fundadores, Antônio Bastos e Gustavo Barros Mattos.

Omega e Serena

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Fundada como Omega em 2008 por Antônio Bastos Filho, a Serena fez uma oferta inicial de ações (IPO) na bolsa em 2017, quando tinha um parque de geração de menos de 150 MW em operação e terminava a construção de outros 100 MW. As ações foram precificadas a R$ 15,60 no IPO, bem acima do valor atual da OPA

Em 2022, a empresa iniciou uma fase de transformação ao iniciar investimentos nos Estados Unidos, que motivaram, em parte, a mudança no seu nome para Serena Energia em 2023. O motivo: já havia uma Omega Energy atuando no mercado americano.

Sai a Tarpon, entra o GIC

A saída definitiva da Tarpon, combinada ao fechamento de capital e à entrada do GIC como novo sócio, tem como objetivo simplificar a estrutura da companhia, dando mais flexibilidade na gestão financeira e operacional. O objetivo é aumentar a capacidade da empresa de ser competitiva em novos investimentos no Brasil e nos Estados Unidos.

A Serena tem hoje na carteira 2,8 GW em projetos de geração renovável em operação localizados nos estados da Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro, e Rio Grande do Sul, além do Texas nos Estados Unidos. Além disso, conta com uma carteira de mais de 6,5 GW em projetos em desenvolvimento, sendo 1,2 GW em eólicas em desenvolvimento avançado no Brasil.

A dívida líquida da Serena em 2024 chegou a R$ 8,6 bilhões, levando seu endividamento medido pela relação com o Ebitda (sigla para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) a 2,4 vezes se considerado apenas o braço de geração, e 4,4 vezes se considerado o braço de desenvolvimento de projetos.

A realização da oferta depende da aprovação, em assembleia extraordinária, da dispensa da aplicação de uma cláusula do estatuto (poison pill, ou pílula de veneno) destinada a dificultar aquisições hostis, que condicionaria uma aquisição a a valores mais elevados do que os da oferta em questão.