
A Taesa estuda participar do único leilão de transmissão de energia previsto para 2025, marcado para outubro. A decisão dependerá da aderência dos projetos às regiões onde a empresa já possui infraestrutura instalada e, segundo o diretor de negócios, Fábio Fernandes, a análise será baseada em critérios de viabilidade e competitividade, especialmente diante da expectativa de muitos interessados no certame.
“Estamos à procura de bons projetos, seja em greenfield ou brownfield, que possam agregar valor para os nossos acionistas. A diretoria de implantação está fazendo todas as análises necessárias para compreensão de cada dos lotes do leilão para vermos os pontos fortes e fracos”, disse o executivo em teleconferência de resultados do primeiro trimestre realizada nesta quinta-feira, 8 de maio.
A possível entrada da companhia no leilão ocorre em um cenário de crescimento da dívida líquida, que avançou 7,1%, totalizando R$ 11,5 milhões em 31 de março de 2025.
No entanto, a diretora financeira e de Relações com Investidores, Catia Pereira, afirmou que a expectativa para o restante do ano é de desalavancagem. Com o início da operação de novos empreendimentos, a Receita Anual Permitida (RAP) da Taesa deve ser ampliada em R$ 400 milhões até 2026, reduzindo sua alavancagem.
O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 4,1 vezes em março, alta de 0,3 p.p. em relação ao mesmo período de 2024. Atualmente, a companhia possui cinco empreendimentos de grande porte em construção, com investimento total estimado de R$ 4,5 bilhões e uma RAP de R$ 487,3 milhões (ciclo 2024-2025), e cinco reforços de maior porte em quatro concessões, com investimento total calculado de R$ 268,9 milhões e uma RAP autorizada de R$ 45,5 milhões.
“O cronograma de desembolso médio entre 18 e 24 meses se alinha ao momento de desalavancagem, marcado pela entrega dos projetos em andamento. Isso está previsto no nosso planejamento financeiro, inclusive nas análises sobre o fim das concessões. Não vemos riscos que impeçam a participação em leilões”, falou a executiva.
Fim de concessões da Taesa
O CEO da Taesa, Rinaldo Pecchio, informou que o segundo semestre de 2025 será dedicado as discussões com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e outros agentes do setor sobre a relicitação ou renovação das concessões que vencem nos próximos anos. A companhia terá até junho de 2027 para manifestar interesse formal em renovar ou não as concessões.
“Nós temos até junho de 2027 para demonstrar interesse. Há muita coisa para acontecer e ainda não dá para indicar quais premissas estamos considerando para renovar ou licitar”, destacou o executivo.
Resultados Financeiros
A Taesa reportou lucro líquido regulatório de R$ 188,3 milhões no primeiro trimestre de 2025, queda de 0,7% na relação ano a ano.
O Ebitda (sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) regulatório somou R$ 509, milhões, alta de 6,9%.Também houve crescimento de 3,8% na receita liquida regulatória da etapa, a R$ 579,9 milhões.
O desempenho é explicado pela empresa pela redução da parcela variável e pelo reajuste positivo do IPCA no ciclo Receita Anual Permitida (RAP) 2024-2025 para as concessões de categoria 3, além da entrada em operação dos reforços de Novatrans e parcial de Pitiguari (20%). Os efeitos foram compensados, em parte, pelo reajuste negativo do IGPM no mesmo ciclo para as concessões de categoria 2.
Na etapa, a Taesa registrou aumento em linha da RAP de 1,5%, justificada por ela pelo reajuste inflacionário do IPCA no ciclo 2024-2025 da RAP (categoria 3), em +3,9% e pela entrada em operação dos reforços de Novatrans e parcial do empreendimento de Pitiguari.
As concessões de categoria 2 da Taesa são aquelas licitadas com base blindada, ou seja, com um valor de RAP (fixado no momento da licitação e que posteriormente é reajustado por índices como o IGPM. Já a 3 são aquelas cujo reajuste da RAP é corrigido pelo IPCA e sujeitas a revisões tarifárias a cada cinco anos.
O resultado regulatório é considerado pelas empresas de transmissão e pelos analistas de mercado como mais aderente ao retrato financeiro atual do segmento. Nesse tipo de contabilização, a receita representa os recebimentos da companhia, refletindo no seu fluxo de caixa, e os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo imobilizado.
As transmissoras também reportam os resultados financeiros de acordo com as regras contábeis internacionais, conhecidas pela sigla em inglês IFRS. Nessa contabilização, os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo financeiro. A distribuição de proventos aos acionistas leva em conta o IFRS.