A CPFL Energia avalia oportunidades para alocação de capital em transmissão de energia, mas a concorrência elevada e as taxas de retorno baixas têm dificultado novos investimentos da companhia, afirmou o presidente Gustavo Estrella, em teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre do ano.
“Percebemos alta competição, muitos players querendo investir em transmissão, seja via leilão ou brownfield [ativos operacionais], e isso vem pressionando as taxas de retorno”, afirmou Estrella.
Segundo ele, ao avaliar ativos em transmissão, via leilões ou operacionais, a CPFL leva em conta o cenário de juros de curto prazo, mas também olha o longo prazo, uma vez que são ativos com prazo de maturação de investimento ao longo dos 30 anos de concessão.
“Nosso cenário de taxa de juros real não pode olhar só os próximos dois anos, tem que olhar o prazo mais longo. Isso tem trazido o desafio de endereçar crescimento com a perspectiva de juros baixos e de retorno de mercado também baixo para esse tipo de ativo. Seguimos com nossa disciplina financeira”, afirmou.
Intervenção no mercado livre
Na teleconferência, os executivos da CPFL foram questionados sobre a possibilidade de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) intervir no mercado livre por meio da promoção de leilões para reduzir a concentração de mercado nas mãos de agentes privados, incluída no parecer preliminar do relator da Medida Provisória 1.031, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA). A MP trata da privatização da Eletrobras, mas o texto fala que a regra se aplicaria a todos os agentes.
“Com certeza, olhando com relação ao tema levantado, temos que olhar com parcimônia para não ser considerado um risco regulatório”, disse Ricardo Motoyama, diretor de Mercado da CPFL.
Segundo ele, a companhia tem um “olhar especial” em relação ao tema de concentração de geração na mão de uma única empresa, e a Eletrobras de fato tem um grande parque de geração. “De fato, é um ponto que temos acompanhado com olhar muito cuidadoso ao longo do tempo”, disse.