O general Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras, se posicionou, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, 29 de outubro, sobre as recentes declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, quanto ao lucro “muito alto” da empresa e do aumento nos preços dos combustíveis.
A Petrobras reportou lucro de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre de 2021, além de antecipar os dividendos. Em meio ao bom resultado e ao posicionamento do presidente, na próxima semana, caminhoneiros prometem fazer greve em razão do preço do diesel.
O general declarou que a estatal não está alheia as dificuldades econômicas da sociedade, ainda mais agravadas com os preços repassados pela empresa. Ele explicou que a empresa segura os reajustes até um patamar de estabilização de preços, para que não haja uma volatilidade excessiva. No entanto, para evitar o desabastecimento do país e descolamento do mercado internacional, destacou que essa é uma ação necessária.
“Lógico que somos sensíveis a tudo isso, principalmente às famílias mais carentes. Sofremos quando temos que informar o aumento no preço do combustível ou outro produto, e só fazemos isso no limite da necessidade para evitar desabastecimento, já que temos uma grande importação dos nossos derivados do petróleo”, respondeu.
Ele ainda reforçou que em termos de óleo, gás e seus derivados, tudo o que impacta a sociedade, impacta a empresa. “Fizemos a questão de termos o máximo de eficiência com os nossos resultados, porque estamos pensando nos mais vulneráveis e que dependem desses produtos para o seu ganha pão”.
Política de preços
Segundo Cláudio Mastella, diretor de Comercialização e Logística, a interferência da Petrobras na política de preços até poderia resolver o impacto econômico na sociedade no curto prazo, mas acabaria afastando investidores no longo prazo, com consequências no abastecimento, ou fazendo com que a estatal seja a supridora de 100% do mercado mas com um preço ainda mais elevado.
“Países vizinhos já experimentaram e a consequência é a dificuldade de abastecimento de produto”, lembrou Mastella.
Sobre o atendimento da demanda do mercado de novembro, o diretor ainda destacou que a Petrobras não conseguirá atender à demanda adicional, além do que estava planejado. No entanto, entende que esse volume será atendido por outros atores que já atendem o mercado.
Dividendos
Além de ações e conversas junto ao governo para colaborar na estrutura de ações que reduzam o impacto na sociedade, Silva e Luna, reforçou que os resultados da empresa são devolvidos à sociedade, seja ela acionista ou não, por meio do pagamento dos tributos e dividendos.
“Os governantes, seja no nível municipal, estadual ou federal, podem decidir quando melhor empregar esse recurso que a empresa devolve através tributos e investimentos”, disse o presidente da Petrobras
A política de dividendos da Petrobras prevê o pagamento de 60% do fluxo de caixa livre, ou seja 60% de tudo o que excede as operações, menos o que é investido. Com isso, a União, que detém participação de 37% da empresa recebe parte dessa distribuição.
Segundo Rodrigo Araújo Alves, diretor Financeiro e de Relações com Investidores, além desse retorno por meio da distribuição de dividendos, a empresa é uma das maiores contribuintes em tributos do Brasil, e em 2021 deverá pagar R$ 180 bilhões em tributos e investimentos sociais.
O conselho de administração da Petrobras aprovou nova antecipação de remuneração aos acionistas referente ao exercício de 2021, no valor de R$ 31,8 bilhões. Considerando também os R$ 31,6 bilhões anunciados em agosto pela companhia, serão R$ 63,4 bilhões em antecipação aos acionistas na forma de proventos.