O UBS BB rebaixou a recomendação das ações da Eneva de neutra para venda, ao mesmo tempo em que reduziu o preço-alvo de R$ 15 para R$ 10,50, diante do cenário de sobreoferta de energia, que tende a manter uma pressão nos preços, ao mesmo tempo em que o cenário macroeconômico continua se deteriorando.
Segundo os analistas Giuliano Ajeje, Luiz Carvalho e Gustavo Cunha, esse cenário, combinado com a forte entrada de fontes renováveis na matriz, acaba aumentando o desafio da Eneva de renovar contratos de venda de energia para suas principais termelétricas, incluindo as usinas Parnaíba I, II e III, que somam 1,3 GW de potência, e a Termofortaleza, de 327 MW.
O caso da Termofortaleza é mais urgente, já que o contrato vigente, assinado na época do Programa Prioritário de Termelétricas (PPT), vence ainda em 2023. No complexo de Parnaíba, o PPA da primeira usina termina em dezembro de 2027, quando termina também o contrato da Parnaíba III. Apenas a usina Parnaíba II, de ciclo combinado, que vai até abril e 2036.
Em relatório, os analistas do UBS BB afirmaram que essas energias devem passar a operar no regime de merchant, despachadas apenas quando necessário, sem direito a uma receita fixa, afetando negativamente o crescimento da companhia.
Outro ponto de atenção, segundo os analistas, é o endividamento da companhia, considerado muito levado. No fim do primeiro trimestre deste ano, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda da companhia estava em 4,6 vezes, o que, no cenário de juros altos e sobrecontratação de energia, devem resultar num faturamento menor na companhia.
“Não acreditamos que a Eneva vai ter despacho incremental, pois o cenário hidrológico permanece favorável. As receitas variáveis exercem uma parte importante do cenário financeiro da companhia, ou seja, sem a necessidade de uso das termelétricas, sua receita deve ser menor”, escreveram os analistas.
Por volta de 16h30 (de Brasília), as ações da Eneva (ENEV3) recuavam 3,85%, a R$ 11,50.