A EDF Renewables Brasil acaba de concluir a segunda fase do Complexo Eólico Serra do Seridó, que soma 480 MW no interior da Paraíba e é o maior em potência do grupo na América Latina. A operação do parque reforça a aposta da companhia no desenvolvimento de novos projetos no Brasil, com sua carteira de 7 GW. Mesmo com os desafios no mercado, dado o baixo crescimento da demanda por nova geração, a francesa está se preparando para iniciar as obras de outro parque na Bahia em 2025.
A segunda fase do complexo concluído agora teve início juntamente do começo da pandemia de covid-19, tornando o desenvolvimento com os novos procedimentos no canteiro de obra mais desafiadores. A empresa chegou a alcançar 51% de mão-de-obra local, além de projetos com as comunidades, treinamento, manejo rural, entre outros.
O parque também foi o último projeto entregue pela fabricante de aerogeradores GE Renewable Energy, que anunciou a interrupção da produção de novas turbinas eólicas no Brasil em 2022.
A todo o vapor com 7 GW em pipeline
A capacidade instalada em pipeline refere-se a projetos onshore, adquiridos na fase de desenvolvimento ou greenfield, além de eólicas offshore.
“Continuamos a todo o vapor, vamos dizer assim, no desenvolvimento de projetos. A EDF tem como característica ser um empreendedor que pensa no longo prazo, então a gente tem projetos superimportantes que estão no nosso pipeline”, disse André Salgado, CEO da EDF no Brasil.
Salgado contou que a empresa está em negociações para fechar novos contratos de energia de longo prazo (PPAs). O Serra de Seridó foi desenvolvido com cerca de 90% da energia vendida e, o restante, negociado no mercado de curto prazo.
“Estamos bastante otimistas que no futuro próximo lançaremos mais uma construção. A gente tem um parque em construção no momento, que foi viabilizado em 2022, que é no sul da Bahia, e estamos em fase de viabilização de um outro complexo também na Bahia para começar a construir no ano que vem. Essa é a nossa expectativa”, completou o executivo.
O parque em desenvolvimento mencionado é o de Serra das Almas (261 MW), localizado na divisa entre os estados da Bahia e Minas Gerais e foi viabilizado exclusivamente pela celebração de contratos no mercado livre.
O otimismo para o desenvolvimento de novos projetos tem partido tanto do descolamento do Preço da Liquidação das Diferenças (PLD) do piso, com a expectativa de chegar a patamares de viabilização de projetos em breve, quanto da retomada do interesse das contrapartes sentando à mesa de negociação com a intenção de fechar contratos para o curto prazo.
Solares e hidrogênio antes da eólica offshore
A EDF Renewables também detém projetos no mercado solar brasileiro. A empresa adquiriu o projeto greenfied com PPA composto por Pirapora fase 1 (191 MWp) em 2016, Pirapora fase 2 (115 MWp) e 3 (93 MWp) em 2017, assumindo a liderança na construção, financiamento e operação de todas as fases.
Para o curto prazo, há plantas solares fotovoltaicas no pipeline prontas para iniciar a construção e na fase de negociação de PPAs. Outra possibilidade estudada pela EDF é a de associação, construindo as plantas solares na região de complexos eólicos já operacionais.
Quanto à eólica offshore, a intenção da empresa era iniciar o desenvolvimento de projetos no Brasil antes de trazer a tecnologia do hidrogênio explorada pela holding fora do país. No entanto, os prazos do Congresso Nacional para regulamentação das matérias devem inverter a ordem inicialmente desejada.
A empresa possui dois memorandos de entendimento (MoU) assinados com a Prumo e com o estado do Rio Grande do Norte para o desenvolvimento das eólicas em alto-mar. Com a Prumo, o memorando foi assinado em 2022 e prevê o estudo e o desenvolvimento e a infraestrutura de parques na região Norte Fluminense, e com o Rio Grande do Norte o projeto prevê um complexo de até 2 GW.
“Estou confiante que a regulamentação vai sair, que provavelmente os leilões serão organizados para que a gente tenha direito de exploração, mas o andamento disso tudo depende da aprovação da regulamentação para que a gente tenha um horizonte mais claro de quando os investimentos irão acontecer”, continuou Salgado sobre os projetos offshore.
No caso do hidrogênio verde, a EDF tem plantas operacionais na França e no Reino Unido e quer iniciar o desenvolvimento de um piloto no Brasil a partir do ano que vem, se preparando para absorver a tecnologia e seguir para usinas de maior escala.
“Não era a sequência em que se iniciaram os projetos, mas é a sequência de aprovação. O hidrogênio saiu antes”, ponderou o executivo sobre a aprovação dos projetos de lei no Congresso Nacional.
No segmento, a empresa possui MoUs com o governo do Ceará, para a elaboração de ações de mútua cooperação e intercâmbio que terão como propósito promover a cadeia de hidrogênio verde no estado e, no mesmo acordo com o Rio Grande do Norte e com a Internacional Energias Renováveis (IER), para um novo projeto.