Usina binacional

Itaipu teve lucro de US$ 443 milhões em 2024

Conta Exploração, resultado do balanço entre a receita e o custo da geração de energia, foi de US$ 680,3 milhões

Vertedouro da Usina de Itaipu Binacional - Foto: Alexandre Marchetti/Divulgação
Vertedouro da Usina de Itaipu Binacional - Foto: Alexandre Marchetti/Divulgação

A usina Itaipu Binacional fechou o ano de 2024 com lucro de US$ 442,9 milhões, um crescimento de mais de três vezes em relação ao exercício de 2023, quando houve lucro de US$ 133,67 milhões. O crescimento refletiu o aumento da receita operacional da usina, redução em despesas operacionais, principalmente royalties, e o resultado financeiro positivo, devido a impactos da variação cambial e o fim do pagamento da dívida contraída para construção da usina, com última parcela paga em fevereiro de 2023.

As mesmas questões contribuíram com a rubrica de Conta de Exploração, que reflete a diferença entre receitas e custos associados à geração de energia (incluindo pagamento da dívida). O resultado em 2024 foi de US$ 680,34 milhões, considerando o saldo de US$ 40,9 milhões que restou do exercício anterior. O montante representa aumento de mais de 15 vezes em relação ao registrado em 2023, que foi de US$ 40,9 milhões.

As informações fazem parte das Demonstrações Contábeis Anuais, exercício de 2024, que foram analisadas e aprovadas na última quinta-feira, 10 de abril, em reunião extraordinária do Conselho de Administração de Itaipu. Agora, as Demonstrações Contábeis serão submetidas à Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), controladora da Itaipu no lado brasileiro, e da Administração Nacional de Eletricidade (Ande), estatal paraguaia.

Em 2024, a Itaipu gerou 67,1 milhões de MWh, contra 83,9 milhões de MWh em 2023.

Sem ressalvas, com ênfases

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A elaboração dos demonstrativos anuais segue as práticas contábeis brasileiras e paraguaias e as diretrizes do Tratado de Itaipu e seus anexos. As contas também são submetidas à auditoria externa independente. “O parecer emitido pelos auditores para o período não apresenta ressalvas, ratificando a confiabilidade das práticas contábeis da Itaipu”, declarou em nota o diretor-geral brasileiro, Enio Verri.

Assina o balanço de Itaipu a auditoria independente BDO, que não faz parte das “big four”, grupo com as maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo: PwC, EY, KPMG e Delloite. Ainda que o resultado tenha vindo sem ressalvas, a BDO assinou ênfases, que são questões que os auditores acham importante destacar, ainda que não seja uma divergência quanto ao tratamento contábil do resultado.

Uma das ênfases trata das práticas contábeis usadas nas demonstrações, e outra fala dos programas de responsabilidade socioambiental de Itaipu, que se inserem como componente permanente na atividade de geração de energia, por conta das notas reversais firmadas entre os governos do Brasil e do Paraguai.

A ênfase destaca ainda que o Anexo C, parte do Tratado de Itaipu da comercialização de energia, poderá ser revisto. Um memorando de entendimento assinado em abril do ano passado definiu que as negociações aconteceriam até o fim de 2024, mas foram postergadas a 30 de maio de 2025.

No entanto, uma nota explicativa lembra que em 1º de abril o governo do Paraguai anunciou a suspensão temporária das negociações referentes ao Anexo C. O motivo foi uma reportagem do site UOL que apontou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria executado uma ação hacker contra autoridades paraguaias para ter informações sigilosas relacionadas à negociação do acordo.

Conta de comercialização

As demonstrações contábeis aprovadas pelo Conselho de Administração incluem o aporte de US$ 301 milhões na Conta de Comercialização de Itaipu, administrada pela Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar). Este valor permitiu a manutenção da tarifa de repasse da usina nos valores atuais (US$ 17,66/kW), evitando aumentos na conta de luz.

Durante as tratativas entre os governos paraguaio e brasileiro, houve erro no cálculo da conta de comercialização. O problema foi resolvido com a flexibilização dos recursos do bônus de Itaipu do exercício anterior, que passaram a poder ser usados para mitigar eventual déficit da conta de comercialização de energia elétrica de Itaipu.