Economia e Política

Mercado de fusões e aquisições continua aquecido no setor de energia

A manutenção dos preços de energia num patamar baixo e estável dificulta investimentos em novos projetos de geração de energia (greenfield), mas favorece a continuação da tendência de fusões e aquisições de projetos, de acordo com especialistas que participam do Lefosse Energy Day nesta quarta-feira, 23 de agosto. "A gente vê o mercado muito animado, o investidor está focado, tem apetite, e vemos muitas oportunidades nos próximos anos", disse Frederico Sarmento, diretor-geral do Pátria, durante participação no evento.

Financial Business man Accounting Calculating Cost Economic budget investment and saving concept
Financial Business man Accounting Calculating Cost Economic budget investment and saving concept

A manutenção dos preços de energia num patamar baixo e estável dificulta investimentos em novos projetos de geração de energia (greenfield), mas favorece a continuação da tendência de fusões e aquisições de projetos, de acordo com especialistas que participam do Lefosse Energy Day nesta quarta-feira, 23 de agosto.

“A gente vê o mercado muito animado, o investidor está focado, tem apetite, e vemos muitas oportunidades nos próximos anos”, disse Frederico Sarmento, diretor-geral do Pátria, durante participação no evento.

Segundo ele, há um interesse crescente na venda de ativos por parte de grandes empresas de energia europeias, que estão repatriando capital em meio à crise causada pela guerra entre Ucrânia e Rússia, ao mesmo tempo em que a ponta compradora está mais ativa no cenário de preços baixos de energia.

Sarmento lembrou que o Pátria está em processo de captação de um fundo de cerca de US$ 3 bilhões, que terá de 20% a 30% do valor dedicado ao setor de energia, com destaque para renováveis. “Nós investimos na América Latina inteira, mas o Brasil, de longe, é o principal mercado”, disse.

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Para João Roriz, diretor-geral do Bradesco BBI, o mercado de M&A acompanha as principais tendências de crescimento do setor, principalmente eletrificação, descarbonização e digitalização das operações.

Para os próximos 10 anos, Roriz vê potencial para manutenção do crescimento das operações, com potencial para mais do que os US$ 25 bilhões negociados nos últimos 10 anos, segundo levantamento feito pelo banco.

“Estamos bem otimistas com o volume de transações. O perfil vai mudar, mas tem muita gente querendo comprar. O Brasil é a ‘Disneylândia’ das renováveis, não é conjuntural, é estrutural, e tem muito vendedor”, disse Roriz.

Ainda que os especialistas vejam grande apetite no mercado por novas transações, há riscos e desafios. Segundo Camila Ramos, presidente da Clean Energy Latin America (Cela), há grande dificuldade na avaliação dos ativos de geração distribuída, principalmente aqueles que estão em construção, por conta da regra de transição para os projetos depois do marco legal da GD.

Na geração centralizada, Ramos apontou que existe dificuldade na avaliação de projetos sem contratos de venda de energia (PPA, na sigla em inglês) fechados, algo cada vez mais comum dada à “escassez” de PPAs no mercado.

Os incentivos aos projetos de geração nos Estados Unidos, com taxas de retorno atrativas, também dificultam os negócios no Brasil. Segundo Roriz, atualmente há projetos no mercado americano com retorno de até 15% e risco muito inferior ao do Brasil. “O Brasil está relativamente caro, precisa de um prêmio de risco maior”, disse.

A falta de contratos em dólar também torna os negócios aqui menos competitivos, segundo Sarmento, do Pátria. Em mercados dolarizados, há uma competição maior por investimentos, o que barateia o capital. “Grande parte dos investidores internacionais prefere exposição ao dólar”, explicou.

“Temos ainda outras questões que eles [Estados Unidos] não têm. A questão fundiária aqui é complicada, quando vamos olhar para construir ou comprar é um tema que olhamos com muito cuidado”, completou o executivo do Pátria.

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