A realização de uma oferta pública de ações pela Light, aprovada pelo conselho de administração da companhia, na última quarta-feira, 6 de janeiro, e na qual está prevista a saída da Cemig do capital da distribuidora fluminense, depois de 15 anos, tem potencial para reforçar o caixa das duas elétricas, que possuem desafios distintos para os próximos anos.
De acordo com fato relevante divulgado na manhã desta quinta-feira, o conselho da Light aprovou a realização de uma oferta pública primária e secundária de ações, no total de 137,2 milhões de papeis da empresa. Considerando a cotação de ontem das ações ordinárias da Light na B3, de R$ 23,48 por ação, a oferta pode alcançar um valor da ordem de R$ 3,222 bilhões.
Segundo a Light, a operação compreende uma distribuição primária de 68.621.264 novas ações ordinárias a serem emitidas pela empresa e uma distribuição secundária do mesmo volume de ações de emissão da companhia e de titularidade da Cemig. Também em fato relevante publicado nesta quinta-feira, a elétrica mineira informou que o conselho de administração da empresa aprovou a alienação das ações ordinárias de emissão da Light, “contemplando a totalidade das ações de titularidade da Cemig”.
Segundo um analista do mercado, em condição de anonimato, a operação reforça o caixa de ambas as empresas e dá mais recursos financeiros para a nova gestão da Light realizar seu plano de “turnaround”.
No caso da Light, o principal desafio será reduzir as perdas comerciais de energia, em um momento delicado da economia brasileira, principalmente do Rio de Janeiro.
“Queremos resgatar a autoridade da concessão, conquistar clientes, melhorar os resultados operacionais, com um combate permanente e intensivo às perdas e para a recuperação de recebíveis”, disse o presidente do conselho da Light, Firmino Sampaio, em teleconferência com analistas e investidores, em novembro do ano passado.
No caso da Cemig, a saída do capital da Light faz parte do plano de desinvestimentos da companhia, elaborado com base na sua gestão de dívida, com preservação da liquidez no longo prazo, e foco em eficiência operacional. Também integram o programa de venda de ativos da estatal mineira as participações na Aliança Energia, Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa), Santo Antônio Energia e Norte Energia, entre outros.
A Cemig assumiu o controle da Light em 2006, por meio de consórcio formado também por Andrade Gutierrez, o então banco Pactual e o grupo JLA. Antes disso, a elétrica fluminense era controlada pela francesa EDF. Nos anos seguintes, houve seguidas mudanças na composição acionária da Light. A mineira chegou a ter 49,9% do capital da Light. Em 2018, porém, em uma oferta pública de ações pela Light, a estatal reduziu sua fatia para 22,58%, percentual atual que deverá ser desfeito na nova operação.