LRCap

Concorrência global por equipamentos é desafio para termelétricas a gás em leilão

Complexo de Parnaíba, da Eneva, tem duas usinas que agora poderão participar do leilão, já que seus contratos atuais terminam em 2027.
Complexo de Parnaíba, da Eneva, tem duas usinas que agora poderão participar do leilão, já que seus contratos atuais terminam em 2027.

O CEO da Eneva, Lino Cançado, comentou a concorrência global por equipamentos para geração a gás como um desafio adicional para o leilão de reserva de capacidade (LRCap). “A competição por esses equipamentos tem sido grande e por agentes que têm muito poder e dinheiro. Estamos competindo por equipamento com os Estados Unidos, com a Arábia Saudita”, exemplificou.

Neste contexto, a indefinição sobre o LRCap no Brasil pressiona os agentes. “Se você está tentando se posicionar ou dar algum tipo de garantia para um fabricante, você não consegue dar uma data para ele. Não tem portaria”, disse durante o Enase.

Segundo Cançado, os equipamentos já apresentam inflação relevante. “Se você pegar o último leilão de reserva de capacidade [em 2021], para hoje, a inflação de equipamento em dólar foi da ordem de 40% do custo de equipamento”, completa.

▶️Os possíveis atrasos do leilão de reserva de capacidade

Concorrência global por equipamentos

A inflação e a concorrência por equipamentos se explicam pelo grande número de projetos em desenvolvimento. Lino Cançado explicou que, nos Estados Unidos, a construção de data centers com uso de inteligência artificial aumentou em 10% o consumo per capta de energia. Além disso, o país busca converter suas usinas a carvão para gás natural. “Os Estados Unidos não aumentavam o consumo de energia há quase 15 anos. Aumentar o consumo de energia per capita nos Estados Unidos em 10%, é uma brutalidade de energia”, comentou.

No Oriente Médio, países como a Arábia Saudita tomaram a decisão de converter sua geração para gás natural. “É outro cliente que está acessando os fabricantes de forma intensa. Ele tem um bolso ‘ultra profundo’, tem um planejamento e vai executar”, disse. Segundo Cançado, cerca de 90% da energia na região vinha do óleo.

Outras demandas por equipamentos vêm da Europa, que estabeleceu a construção de terminais de GNL após o conflito entre Rússia e Ucrânia. Países europeus também têm colocado usinas próximas aos terminais para garantir a resiliência do sistema elétrico.