
A carga atual de energia para suprir apenas o setor de data centers está em 700 TWh. “Nos próximos 5 anos, o mundo vai adicionar outro Brasil em termos de demanda de energia, apenas para suprir os centros de dados”, disse o diretor de Energia e Renováveis para América Latina da S&P Global, Emanuel Simon, durante o evento Rio 2025 Commodity Insights Briefing, realizado pela consultoria S&P Global no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 12 de agosto.
Segundo a consultoria, 80% deste crescimento deve acontecer na América do Norte e Ásia-Pacífico (Apac). “Os maiores projetos não estão na América Latina. Eles estão concentrados em áreas que já estão super constritas por centros de dados e têm limitações de grid muito longas, como a Virgínia, nos Estados Unidos”, complementou o analista de Tecnologia de Energia Limpa na S&P Global Henrique Ribeiro. Segundo o especialista, estas regiões têm contornado os gargalos com soluções como geração on-site e combinação com sistemas de baterias.
No Brasil, entretanto, estas soluções ainda não têm arcabouço regulatório para operarem. Assim, os projetos de data centers dependem do grid tradicional, o que representa um desafio para o segmento.
“O framework de transmissão e distribuição foi construído no Brasil há 30 anos, quando ciclos industriais eram de 30, 35 anos. Em data centers, falamos de ciclos de quatro ou cinco anos. Não podemos esperar muito para operar um data center”, disse no evento o diretor de Energia para América Latina da Scala Data Center, Fabio Yanaguita.
Para ele, seria importante discutir atualização nos modelos regulatórios de transmissoras e distribuidoras, incluindo incentivos para que seja interessante acelerar a construção das linhas. “Com os incentivos certos, nós poderíamos, com segurança, expandir a velocidade para aquela que precisamos, para que sejamos capazes de atrair esses investimentos no Brasil”, avalia o executivo.