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Eneva compra UTE Camaçari, da Eletrobras, para eventual entrada em leilões

Funcionário da Eneva/ Divulgação
Funcionário da Eneva (Divulgação)

A Eneva comprou o ativo da termelétrica Camaçari (360 MW), detida pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobras. Com a aquisição, a Eneva chega a mais de 5,59 GW em térmicas, sendo 2,31 GW apenas no Nordeste.

A operação foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e não depende de autorização de outros órgãos e/ou agências. Conforme parecer do órgão antitruste, a operação abarca um imóvel, equipamentos e o terreno onde os itens estão situados, no município Dias D’ávila, na Bahia.

Para justificar a operação para o Cade, a Eneva destacou que a aquisição dos ativos representa uma oportunidade de expansão de sua capacidade de geração por meio de possíveis participações em leilões.

Já o grupo Eletrobras disse tratar de uma oportunidade para mitigar riscos operacionais e financeiros, avançar na otimização de seu portfólio, na alocação de capital e acelerar o atingimento de suas metas de redução de emissões.

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A UTE Camaçari foi outorgada à Chesf em 1977, com operação a biocombustível, gás natural e óleo, tendo as suas atividades extintas em 2018 com a dispensa da reversão dos bens vinculados à concessão e à livre disponibilização dos bens e das instalações para a empresa, ficando inoperante.

Participação em leilões

Segundo análise do Itaú BBA, a Eneva tem cerca de 2,3 GW em térmicas aptas para entrar no leilão de reserva de capacidade previsto para junho deste ano. De acordo com Lino Cançado, diretor-presidente da Eneva, a empresa pretende entrar no leilão após “três anos de preparação para garantir a flexibilidade necessária”.

No entanto, o executivo afirmou que um dos desafios do leilão é sua realização em um momento em que os equipamentos de geração termelétrica, principalmente as turbinas de grande capacidade a gás, estão sendo mais demandadas no mundo inteiro, devido à “revolução tecnologia” com a inteligência artificial e aos “giga” dos data centers nos Estados Unidos.

Cançado também apontou a liberação da exportação de gás natural liquefeito (GNL) no país norte-americano e a troca de geração a óleo por gás no Oriente como outros indicadores de crescimento da demanda na cadeia de suprimentos.

“O leilão vai acontecer num momento em que os empreendedores brasileiros vão ter que disputar esses equipamentos com outros empreendedores internacionais. Nós estamos inseridos num contexto de uma cadeia de suprimento global que está sendo muito demandada. A Eneva está atenta e vamos participar com responsabilidade, trazendo essas características e esses equipamentos para o Brasil”, disse o executivo em evento do BTG Pactual no final de fevereiro.

Ativos da Eneva

Com a nova compra, a Eneva chega aos 5,59 GW em térmicas no Brasil, divididos entre os estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão e Sergipe, alcançando um market share de 11,84% no país.

No Nordeste, a companhia detém as UTEs Porto de Pecém II (365 MW), no Ceará, e Porto de Sergipe (1,59 GW), no estado do Sergipe.

A aquisição de ativos da UTE Camaçari ocorre menos de um ano após a Eneva comprar quatro projetos térmicos do BTG Pactual.  

Pagamentos Focus Energia

Em comunicado ao mercado nesta segunda-feira, 17 de março, a Eneva informou que pagará R$ 89,3 milhões aos antigos acionistas da Focus Energia como forma de terceira parcela contingente em decorrência de acordo arbitral encerrado no ano passado.

O pagamento ocorrerá no dia 19 de março, sendo que haverá mais duas parcelas que deverão ser quitadas até o próximo dia 23 de junho.

Em 2022, a Eneva anunciou a aquisição da Focus Energia por cerca de R$ 960 milhões, assumindo a carteira de clientes e o portfólio de projetos renováveis da empresa, que na época somavam 3,7 GWp.